Os deputados universitários que integram a 5ª legislatura do Parlamento Universitário iniciaram, nesta quinta-feira (27), a votação em plenário das 58 proposições que foram aprovadas pelas Comissões permanentes.
Logo no início das atividades, conversaram com o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Ademar Traiano (PSD), que destacou que o Parlamento Universitário é a porta para despertar o interesse dos jovens pela vida pública e formar novas lideranças políticas.
“O Parlamento Universitário visa motivar, despertar o interesse dos nossos jovens pela vida pública. Em tempo tão carente de novas lideranças, nada melhor do que estar presente e conhecendo as atividades do dia a dia, conhecer o que faz um deputado. É o momento de eles sentirem o prazer de estar dentro de uma Casa de Lei e, quem sabe, a partir do Parlamento Universitário, transformar em futuros deputados”, disse. “Sempre tive como meta principal, além de presidir a Assembleia, abrir as portas do Poder Legislativo de uma forma democrática para essa geração de jovens, que ao longo de toda a trajetória do Poder não tiveram a oportunidade e que agora estão tendo, de vivenciar, conhecer e também participar efetivamente como se deputados fossem aqui no parlamento estadual”.
A mesma opinião tem o primeiro secretário da Assembleia, deputado Alexandre Curi (PSD), que destacou a importância de ver a casa cheia de jovens interessados na política e nas atividades legislativas. “Fico extremamente feliz porque eu comecei muito cedo. Fui deputado com 21 anos e você poder ver, fomentar a participação do jovem no mesmo nível, na mesma proporção de homens e mulheres, é muito bom. Esses jovens aprenderam todo o trâmite da Assembleia e é extremamente positivo ver a participação do jovem, ver o interesse pela política, pelo processo legislativo. Quero cumprimentar o diretor Dylliardi pelo trabalho excepcional e todos os que participaram do Parlamento Universitário. É uma felicidade ver essa expressiva participação dos jovens”.
O deputado Alisson Wandscheer (SD) também acompanhou a primeira sessão plenária do Parlamento Universitário. Ele conversou com os parlamentares universitários sobre a sua trajetória política, que começou como vereador, e seu primeiro mandato como deputado estadual.
Para ele, o Parlamento Universitário é uma grande oportunidade para o debate de ideias entre os jovens e a forma de mostrar a eles a realidade do trabalho de um deputado, que não se resume à sessão plenária.
“É uma iniciativa muito produtiva que leva informação para os universitários, para a comunidade de como funciona a Assembleia Legislativa, desde as comissões, a formação de blocos, seja da votação ao convencimento de você conseguir aprovar uma lei que acha importante. É um grande debate de ideias”, apontou. “Tudo isso acaba demonstrando como é feito o trabalho, que não é só o plenário. O trabalho é muito maior, dentro das comissões, no gabinete e também as viagens, porque precisamos visitar as pessoas onde elas estão”, completou, parabenizando a “Mesa Diretora por essa iniciativa que é muito produtiva para os universitários. Que no futuro tenhamos vereadores e deputados preparados e sabendo como podem trabalhar para melhorar a vida do cidadão”.
O diretor Legislativo e da Escola do Legislativo, Dylliardi Alessi, destacou que a conversa dos estudantes com os deputados é parte da formação deles dentro do Parlamento Universitário. “Esse contato com os parlamentares faz parte do processo de formação. Esse projeto é de todos os parlamentares da Assembleia”, afirmou. “E muitos projetos apresentados poderão ser adotados pelos deputados reais. Os deputados estão vindo no plenário, conversando e havendo essa troca para que eles conheçam e escolham o deputado que mais atendem ao seu perfil, ao perfil do projeto. A adoção do projeto por um deputado real é provável, como aconteceu em outras edições, e que esse projeto se torne lei no Paraná. A Diretoria Legislativa, junto com a Escola do Legislativo, está auxiliando esses parlamentares a aperfeiçoarem esses textos para que apresentem aos deputados. Isso também faz parte da nossa simulação e formação dos alunos”, disse.
Para Dylliardi os debates nessa edição do Parlamento estão surpreendendo pela qualidade técnica e política. “A articulação que eles fizeram para os cargos de presidente, para as comissões e a qualidade dos pareceres tem impressionado. E hoje, no grande dia de sessão plenária, quando os discursos são feitos na tribuna da Assembleia, as discussões e os discursos estão em alto nível”.
A pluralidade dos integrantes do Parlamento Universitário enriquece o debate, na visão do secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, que conversou com os estudantes e apresentou as ações da Secretaria. São 18 cursos diferentes entre os 76 participantes.
“Fiquei impressionado com o entusiasmo. Tive a oportunidade de falar sobre o sistema estadual de ciência, tecnologia e ensino superior e o entusiasmo que quiseram debater o tema. Todos estão imbuídos dessa ideia de atuação parlamentar, trazer projetos, novas ideias que possam contribuir para o desenvolvimento do Paraná”, relatou. “O Parlamento Universitário é um grande projeto para a vivência e experiência desses estudantes que se tornaram parlamentares universitários e também as contribuições que eles podem deixar para a vida pública. Essa multiplicidade de cursos que enriquece o debate. A gente tem a possibilidade de diversos pontos de vista, o que fez o debate acontecer”.
Sessão plenária
Se até então os debates estavam voltados às comissões, seja na constitucionalidade ou no mérito da proposta, durante a sessão plenária as deputadas e deputados puderam dar voz às emoções e ideias.
Eles usaram as tribunas para falar de temas variados, seja a saudade dos filhos que estão no interior enquanto a mãe participa do projeto; os debates e a experiência deles dentro do projeto; a participação feminina em altos cargos seja no judiciário e também em cargos eletivos; a defesa por mais investimentos nos pequenos municípios do estado; o pacto federativo; os cuidados paliativos e o movimento estudantil; atuação da Polícia Militar nas escolas; o cuidado e proteção das crianças, pichação e depredação nas universidades públicas e autismo, por exemplo.
“A nossa voz hoje aqui acaba sendo um grande estrondo”, disse o deputado universitário Dr. William (Uninter) ao usar a tribuna.
Na votação dos projetos, sem grandes embates, já que a primeira votação foi da constitucionalidade, algo que já haviam feito com bastante ênfase durante as reuniões da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O projeto de lei 31/2023, apresentado pela deputada universitária Maria Riber (Unibrasil), foi rejeitado em plenário por 30 votos contrários e apenas 18 favoráveis, com duas abstenções. A proposta previa o uso da inteligência artificial para aumento da segurança nas escolas públicas e privadas do Paraná.
Já a proposta da governadora universitária, Letícia Coradim (Unicuritiba), que gerou grandes discussões na CCJ, foi aprovada. O projeto prevê que as empresas que recebem benefícios ou isenções fiscais do Estado do Paraná contratem, em um percentual de 5%, pessoas transexuais como estagiários. A governadora defendeu em plenário o texto apresentado em parceria com a deputada universitária Graziela Modesto.
“Sabia que seria um projeto polêmico. Defendi a constitucionalidade, o que me pareceu na CCJ foi uma tentativa ideológica de barrar esse projeto tão importante que foi apresentado, justamente, para que as pessoas trans adentrem no mercado de trabalho, para que tenham essa oportunidade”, disse a governadora universitária.
Após a pressão inicial, o presidente universitário da Assembleia, Matheus Oliva, disse que apesar do peso nos ombros, conseguiu realizar o trabalho de condução da sessão sem grandes problemas. “Tive a oportunidade de conversar com o presidente Traiano, foi uma conversa muito bacana, ele sempre muito receptivo, muito convidativo e enriquecendo o debate com suas palavras. Sentar na cadeira dele é uma sensação de empoderamento. Uma sensação muito boa, muito pesada, exige responsabilidade. Apesar de a gente ser a maioria, é preciso ter uma responsabilidade no tratamento isonômico para que o debate traga bons frutos para o povo paranaense”.