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sexta-feira, novembro 29, 2024
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Obra número um de Alfredo Andersen, Porto de Cabedelo, estará em exposição na Fazenda Purunã

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Pedro Ribeiro conta no Portal Paraná que a principal e mais importante obra do artista plástico nórdico, Alfredo Andersen, o Porto de Cabelo, uma paisagem com personagens representativas da vida cotidiana dos brasileiros do litoral paraibano, fará parte de uma exposição que o proprietário da tela, industrial Lenomir Trombini, realizará na inauguração de empreendimento que está lançando na Fazenda Purunã.

Pintado em 1892, em um pano de vela do navio em que viajava, vindo na Noruega e ancorado em Cabedelo, na Paraiba, Alfredo Andersen destacou a luminosidade das terras brasileiras iniciando, depois, em uma outra viagem quando desembarcou em Paranaguá, sua carreira como um dos mais representativos pintores da paisagem paranaense.

A partir dai surgia, no cenário artístico paranaense, o pintor, retratista e escultor, agraciado com o título de o “Pai da Pintura Paranaense”. No Paraná, Alfredo Andersen foi o autor de obras como as “Sete Quedas”, Construção da Ferrovia Curitiba-Paranaguá”, entre centenas de outras, algumas expostas no Museu Casa Alfredo Andersen, localizado em Curitiba.

Andersen foi, também, o criador do Brasão das Armas do Paraná onde se destacam o trabalhador no campo, a águia (harpia) e os ramos do pinheiro nativo e da erva mate.

A obra número um do artista está na família Trombini há 45 anos. Lenomir Trombini adquiriu o quadro do neto de Andersen, Dirceu Andersen.  Na pinacoteca, em sua residência, na Vila Nina, em Santa Felicidade, Trombini possui vários quadros. Seu acervo conta com mais de 30 obras de renomados pintores do Paraná e do Brasil.

Ao entrar em sua sala, podemos ver quadros de Theodoro De Bonna, Nisio, Juarez Machado, entre outros.  Sua principal obra e que faz questão de destacar é o “Porto de Cabedelo”.

As artes plásticas estão no DNA da família de Lenomir Trombini. Seu pai, Mirtilo Trombini, falecido em 2018 aos 99 anos, foi discípulo de alunos de Andersen, como De Bonna e Lang de Morretes. Criou, em sua cidade natal, Morretes, um atelier de pinturas e contribuiu para a formação de dezenas de novos pintores.

O empresário chama a atenção para dois quadros de seu pai: um de paisagem curitibana com destaque aos pinheirais, e outro  “Cortadores de Cana-de-Açucar”, em Morretes, premiado no Grand Pallet, em Paris.

Lenomir Trombini é presidente do Instituto Mirtilo Trombini, localizado em Morretes, onde possui mais de 100 obras de seu pai e de alunos. Dois de seus filhos, Simone e Gabriel, também são artistas plásticos.

A exposição que está projetando em sua propriedade na Serra de São Luiz do Purunã, onde está construindo um condomínio de chácaras, com projeto do arquiteto Jaime Lerner, contará com todas suas principais obras, entre elas o “Porto de Cabedelo”.

”Esta  obra, feita com pano da vela do navio, cujo capitão era o pai de Anderson, Tobias, é uma fonte inspiradora. Chego em casa, há 45 anos, e a primeira coisa que vejo é este magnífico quadro. Vou morrer com ele”, afirma. Leno conta que um empresário quis o quadro e como não conseguiu comprá-lo, encomendou uma cópia que, hoje, está nas mãos de um executivo paranaense. “Cabedelo é único, é obra prima, é meu”, brinca Trombini.

UM APAIXONADO PELA PINTURA PARANAENSE

O diretor do Museu Casa Alfredo Andersen e presidente da Associação dos Profissionais de Artes Plàsticas do Paraná, Luiz Gustavo Vardenega Vidal Pinto, disse que sugeriu ao Governo do Paraná, através da Secretaria da Cultura, para adquirir a obra e deixá-la no Museu, mas não conseguiu devido ao seu valor e à burocracia para compra de obras de artes pelo governo.

Vidal Pinto também destaca Cabedelo como a primeira e principal obra de Alfredo Andersen que foi um pintor apaixonado pela paisagem paranaense e ganhou o título de “Pai da Pintura Paranaense”.

A artista Plástica Débora Russo, ex-diretora do Museu Casa Alfredo Andersen e Centro Juvenil de Artes Plásticas, disse que “Porto de Cabedelo” é considerada a primeira paisagem e retratação do povo brasileiro do norueguês Alfredo Andersen.

Nesta obra, ele registra a praia do litoral nordestino, suas construções e a população dentro do seu cotidiano simples. Ele retrata uma vegetação exuberante com a presença de pessoas que se protegem do sol, sob os galhos e folhas de uma frondosa árvore. Os barcos também estão  presentes, demonstrando os hábitos   cotidianos de pescadores do local. Seus reflexos ficam caracterizados nas águas  do mar. A luminosidade  presente nesta  obra é  registrada  como uma   característica inédita até  este momento na carreira de Andersen.

CONHEÇA A HISTÓRIA DE ALFREDO ANDERSEN

Alfredo Andersen foi um artista norueguês considerado “O Pai da Pintura Paranaense” por suas inúmeras contribuições nas áreas da pintura, da formação de artistas e por seus registros pictóricos do Paraná do século XIX.

Nascido em 1860 em Kristiansand, na Noruega, desde muito jovem já  demonstrava interesse e aptidão para a arte, recebendo uma sólida formação  artística adquirida em importantes instituições educacionais do norte da Europa.

Em 1892, o artista que já era conhecido em sua terra natal, viaja com seu pai, capitão da marinha mercante, rumo à Argentina. Viagem que terminou antes de seu destino final quando por um extravio no barco eles aportaram no porto de Paranaguá.

A partir de então, Andersen passou a viver no estado, residindo dez anos em Paranaguá antes de se transferir para Curitiba, onde pôde ter contato com personalidades locais e criar um atelier para a formação de artistas.

Alfredo Andersen nasceu em Kristiansand, na Noruega, em 3 de novembro de 1860. Pintou sua primeira tela intitulada “Akt” aos treze anos. Foi aceito como discípulo de Wilhelm Krogh. Atuou com pintor, escultor, decorador, cenógrafo e desenhista.

Em 1879 ingressou, por concurso, na Academia Real de Belas Artes de Copenhagen. Foi professor de desenho livre na Escola de Rapazes, junto ao Asilo de Vesterbron, rompendo com a tradição de ensino através da cópia de gravuras impressas, adotando o modelo vivo.

PROFESSOR DE DESENHO E ANIMADOR DAS ARTES PLÁSTICAS

Como crítico de arte foi enviado a Paris para o Salão Oficial de Belas Artes. Em 1891 e 1892 viajou pela Europa, Ásia, Índia e América, e chegou ao Brasil na Paraíba do Norte em 1892, pintou “Porto de Cabedelo”, seu primeiro registro artístico no país. Após retornar à Noruega fez outra grande viagem partindo da Inglaterra em direção a Buenos Aires. Alguns concertos no navio em que viajava exigiram uma parada em Paranaguá, no Paraná, onde permaneceu por dez anos, cativado pelo Brasil. Casou-se com Anna de Oliveira, descendente de índios, constituindo uma família de quatro filhos.

Em 1902 transferiu-se para a capital, Curitiba. Fez projetos para escolas oficiais de arte e foi professor de Desenho na Escola Alemã, Colégio Paranaense, Escola de Belas Artes, Indústrias de Mariano de Lima e Escola Profissional Feminina República Argentina.

Alfredo Andersen foi, acima de tudo, um grande animador das Artes Plásticas do Paraná. Ensinou como um grande mestre, orientou tendências como um sábio, permitiu a liberdade de criação, desenvolvendo assim, um trabalho pioneiro na formação de algumas gerações de pintores entre os quais destacam-se Traple, Freysleben, Lange de Morretes, Theodoro de Bona, Maria Amélia D’Assunção, Isolde Höltte, seu filho Thorstein, entre outros.

Como pintor e desenhista, documentou sua época, dentro de três linhas temáticas: o retrato, a cena de gênero e a paisagem. Utilizou uma linguagem plástica própria, fruto da concepção artística presente na Noruega do século XIX.

Em 9 de agosto de 1935, Andersen faleceu na sua residência-atelier, onde se situa hoje o museu. Pelo seu trabalho pictórico, durante toda sua vida passou a ser considerado o “Pai da Pintura Paranaense”. (MCAA).

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