O Jornal Nacional informa que em acordo de delação, o maior doleiro do Brasil vai devolver R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Finalmente ele resolveu colaborar. Dario Messer é conhecido da Justiça desde 2018, quando foi o principal alvo da Operação Câmbio, Desligo, um desdobramento da Lava Jato. Naquele dia, ele não estava em casa, uma cobertura de luxo em uma das áreas mais caras do Brasil, na praia do Leblon, no Rio.
Dario Messer era chamado de “o doleiro dos doleiros”. Segundo os procuradores, ele era o dono de um sistema online que interligava operações ilegais de câmbio em 52 países – praticamente um banco clandestino. Os clientes eram cerca de 3.000 empresas, com sede em paraísos fiscais. Tudo isso para ocultar a verdadeira origem do dinheiro, que muitas vezes vinha da corrupção e de atividades criminosas.
E foram os amigos acusados de muitos crimes, como tráfico e contrabando, que esconderam Dario Messer em vários endereços no Paraguai. Segundo as investigações, até o ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, colaborou com a fuga.
Enquanto as autoridades brasileiras procuravam pelo doleiro, foram descobrindo que ele tinha um patrimônio bilionário dos dois lados da fronteira, incluindo mansões e fazendas.
Messer foi preso em julho de 2019, em um apartamento em São Paulo. Durante os 15 meses que passou fugindo, muito do que ele tinha para contar foi revelado por outros doleiros, em outras delações. Por ter demorado a falar, Dario Messer vai pagar caro, literalmente.
Outros investigados também pagaram multas em delações premiadas da Lava Jato. O empresário Marcelo Odebrecht, por exemplo, devolveum no total, R$ 143 milhões. O doleiro Lúcio Funaro teve multa de R4 45 milhões. Antonio Palloci, de R$ 37,5 milhões. Esses valores somados não chegam nem perto do que Drio Messer vai entregar à Justiça: R$ 1 bilhão.
Segundo os procuradores, esse valor corresponde a 99,5% do patrimônio que o doleiro acumulou. Existe dinheiro em contsa, mas a recuperação de boa parte dos bens vai depender da cooperação das autoridades paraguaias, já que mais da metade da fortuna de Dario Messer está no país vizinho.
“Levamos em conta o fato de serem décadas de crimes praticados de lavagem de dinheiro, inclusive com a família anteriormente já envolvida. Então, não faria sentido deixar o colaborador com um patrimônio relevante”, afirma o procurador da República Almir Teubl Sanches.
Mesmo colaborando com a Justiça, o doleiro ainda está sujeito a uma pena de até 18 anos de prisão.
A delação de Dario Messer foi homologada, nesta quarta-feira (12), pelos juízes Marcelo Bretas e Alexandre Libonati, de varas federais criminais no Rio.