Lá vem Pantaleão com novas estórias

* José Carlos Chicarelli

Nos anos 70, o humorista Chico Anysio interpretava um personagem chamado Pantaleão, que dia e noite usava óculos escuros sem uma lente.

Ele vivia contando “causos” mirabolantes, que ocorreram na Velha República, em 1927.

Contracenava com Pantaleão a hilariante Terta, a qual era solicitada para confirmar a veracidade das estórias fantasiosas.

Pantaleão perguntava no final de cada causo: “é mentira, Terta?”

Ela sempre respondia: “verdade!!!” 

Participava também do quadro outro personagem chamado Pedro Bó, que sempre interrompia Pantaleão com uma pergunta tola.

Lembrei desse caricato protagonista ao ver as trapalhadas do atual prefeito tentando contar causos que segundo ele não ocorreram, como socorrer o amigo de Country Club, dono de empresa de ônibus, com R$ 200 milhões para amenizar as perdas com a diminuição de passageiros e receita nesta temporada de coronavírus.

Enquanto isso, micros, pequenos e médios empresários e comerciantes sentem na carne os problemas causados pela pandemia e as consequências que podem resultar em falências em todos os setores econômicos da capital do Paraná.

Soma-se ainda muitas promessas do atual prefeito que viraram obras de ficção, me fazendo lembrar de um livro que minha mãe lia para mim quando era criança, de Carlo Collodi, Pinóquio.

Após 41 meses de mandato, o curitibano percebeu que as promessas de campanha foram adiadas para o futuro sem data, os lançamentos de obras que foram divulgadas pela mídia não tinham recursos alocados e a grande maioria nem saiu do papel, as que saíram, estão atrasadíssimas e não foram concluídas,

O canteiro de obras só funciona na teoria, menos para o setor de transporte e para os empreiteiros do piche dito ecológico.

O pior, afirmações como ” Fruet se não souber fazer, deixa que eu faço”, “eu e Margarida quando abrimos uma UPA ou Posto de Saúde, jogamos a chave fora porque nunca fechará” e, para finalizar, promessas a servidores públicos nunca foram honradas.

Em relação ao socorro para os milionários do transporte coletivo, o prefeito disse que era fake news promovida pela oposição e o que foi feito pela URBS diminuiria os repasses a concessionária de ônibus, mesmo tendo afirmado na CNN Brasil para todos ouvirem em bom tom.

Com a queda do número de passageiros é fácil entender que aumentaram os repasses da URBS às empresas de ônibus para continuarem tendo lucro operacional.

Mas o recado da população curitibana veio com a queda vertiginosa da aprovação da atual gestão do Palácio 29 de Março.

O fato percebido por integrantes do primeiro escalão, resultou na exoneração do ex-secretário de Comunicação Marcelo Cattani, que gostaria de ver o prefeito comedido nas declarações e estórias, para evitar dos “Pedros Bós” se afastarem do prefeito.

Mas no final ficará a fiel companheira, que atenta será a voz solitária a responder: “verdade curitibinha prefeito!!!”

José Carlos Chicarelli é ex-vereador e criador da CPI da Urbs/Transporte Coletivo

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