quinta-feira, maio 2, 2024
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InícioGeralJornalista Luiz Geraldo Mazza completa 90 anos

Jornalista Luiz Geraldo Mazza completa 90 anos

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O professor Aroldo Murá conta que Luiz Geraldo Mazza já era o jornalista veterano mais referenciado no Paraná. Agora, as mesuras e reverências a esse “enfant terrible” tendem a se multiplicar no mundo da comunicação e na voz de um universo sem fim de paranaenses que o conhece e nele reconhece um ser diferenciado. Raro.

Nilson Monteiro e o Luiz Geraldo Neto se encarregaram de editar um vídeo de parabéns mais que oportunos ao LGM.

Quando se fala de tipos humanos raros, como o é Mazza, a tendência é cair no panegírico, olhar o personagem como alguém meio que bafejado pelos deuses

Eu penso de forma diferente. Acho que raridades como o “Lulu” – assim se referia a Luiz Geraldo o inesquecível Carlos Alberto Pessoa – cumprem um certo papel “carmico”. Nascem com uma missão pedagógica a exercer. O que, inclui, claro, incomodar muito o mundo imediato que o cerca. E o  mediato também. E, sem muito pedir licença, ir castigando costumes, bloqueando maldades – e fazendo, até, outras de calibre menos ofensivos, protestando contra injustiças, opondo-se ao arbítrio físico e intelectual.

Mazza nunca desconheceu a importância que foi assumindo em, Curitiba, onde, a bem da verdade, sempre esteve ao lado de outros. curitibanos de rara plumagem, como Jaime Lerner, Dalton Trevisan, Victor Ferreira do Amaral Filho, Eduardo Rocha Virmond, Hélio de Freitas. .

Meu primeiro encontro com Mazza deu-se em 1960, eu um gurizão, 20 anos,. sem noção do mundo autofágico que me iria acompanhar.

Foi na redação da Revista Club, que Dino Almeida editava, e na qual eu era repórter, redator e da qual cheguei a secretário.

Naquela primeira escola de jornalismo – em que pontificava Nelson Faria – me inebriei com um poema, “Pavana para um Guri Morto”, da LGM. Depois, conheci o poeta em carne e osso, naquele espaço no Tijucas em que também circulavam ícones de tempos raros, como René Dotti, Salomão Scliar, Aurélio Benitez, Ary Fontoura, o gentleman Roberto Fontan, Máxime Charles Barrault, Luizinho Bettega, Adel Amado Bark.

Mazza já era o poeta de todas as revoluções, guerras e rumores de guerras, da “Curitiba sinistra”, pregoeiro acatado na Boca Maldita, a irreverência personificada na sua voz de novo Catão; e que, ao mesmo tempo, trabalhava com maestria os “gossips” da cidade no seu melhor palco e platéia, aquele minúsculo trecho da Avenida João Pessoa, espaço democrático.

Lá se dividiam vozes libertárias, como Mazza, Anfrisio Siqueira, Adherbal Fortes de Sá Junior, Francisco da Cunha Pereira Filho, René Dotti, Tatau Grein, João Elísio Ferrraz de Campos, Tozinho Conti, Adolfo de Oliveira Franco Filho, Candido Gomes Chagas, Jaime Lerner, José Richa, Miguel Zacarias, Renato Schaitza, José Augusto Ribeiro, Roberto e Fernando Velloso… uma relação que não teria fim.

O jornalista batia ponto em horas diversas na Boca (por um tempo, na confeitaria Guairacá), universo no qual se abastecia da matéria prima essencial com que, de maneiras muitas, iria transformar em opinião ou.em notícias que publicaria em jornal (Diário do Paraná) ou proclamaria em rádio e, depois, na televisão.

Nunca foi neutro esse Mazza nonagenário. Neutralidade seria traição ao saudável “carma” que o impregnou de espírito judicante. Muitas vezes discordei dele, muitos discordaram de LGM. Mas nunca se pôde alegar que Mazza tivesse de alguma forma amarelado em sua capacidade de análise da cidade, do Paraná, do Brasil e do povo brasileiro. Nem que tenha silenciado por interesses materiais.

Diplomaticamente, sabia até safar-se de perigos. Embora as más línguas garantam que no alvorecer do movimento ditatorial de 1964, ele “estivesse frustrado por não ter sido preso”.

Lulu ficou devendo ao Paraná um amplo e irrestrito depoimento de vida,.que poderia ter passado para um livro.

Sábio, ele preferiu expor-se em seus textos no dia a dia. E o tem  feito desde o final dos anos 1950, quando participou do grupo fundador do Diário do Paraná, o jornal que revolucionou a imprensa do estado, a começar por introduzir a diagramação. Foi no DP que me aproximei dele

Nos últimos anos, a CBN Curitiba foi seu púlpito.

Foi no DP onde, em 1962, constatei – aparvalhado diante da cena –  ver Mazza entre os líderes da primeira greve dos jornalistas, protestando contra baixos salários. Tudo isso, na frente do próprio jornal de Chateaubriand em Curitiba. E do qual ele, LGM, já era um quadro vital, estrela em ascensão.

Minha grande inveja com relação a Mazza é a sua capacidade de reconciliar-se com as pessoas e transitar com a maior desenvoltura mesmo naqueles círculos aos quais critica. Inimizades não frutificam no quintal de Lulu, irmão do Mazzinha e de Randolpho Veiga Mazza (que foi meu colega de ginásio, no Colégio Estadual, anos 1953 a 55). Salve o Mazza, “ ad multos annos”; as novas gerações não podem ser privadas de conhecê-lo ao vivo e em cores, Lulu. Por isso, acho que os avanços da ciência médica poderão muito bem ampliar bastante sua permanência entre nós. É esperança redobrada, agora que LGM ganhou o direito à ‘salvação’, vacinado que foi contra a Covid.

E, graças a Deus, Mazza não virou jacaré, o contrário do que autoridades negacionistas diziam até dias atrás sobre quem ousasse se vacinar.

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