Um grupo de servidores declarou guerra ao prefeito Rafael Greca (DEM) que estaria privatizando o serviço do SAMU. A carta aberta foi divulgada no grupo do Facebook:
O Coletivo Sismuc Somos Nós, formado por servidores públicos das mais diversas carreiras da Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), vem a público denunciar a falta de compromisso da gestão de Rafael Greca com o Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba que, mesmo em meio ao avanço da pandemia provocada pelo coronavírus, com cerca de 110 mil casos confirmados, 2439 vidas perdidas e mais de 83% de leitos ocupados em nossa cidade, resolveu terceirizar todo o Serviço de Urgência e Emergência da prefeitura, leia-se SAMU.
Em Curitiba, desde a implantação do SUS e até mesmo antes – pois sempre fomos vanguarda na área da saúde, com experiências exitosas em diversas áreas da ciência da saúde -, os profissionais são altamente qualificados, com formação técnica e também longa experiência em urgência e emergência.
É inaceitável a forma como a PMC apresentou estas mudanças para a categoria e a população, sem diálogo ou debate com os usuários e servidores e num momento em que a equipe de servidores vem, desde março de 2020, se doando numa luta hercúlea contra o coronavírus; muitos com medo da contaminação não só pra si, mas para suas famílias.
Assim, o sentimento da maioria dos servidores é de que foram descartados como um objeto. Nosso coletivo ouviu médicos, enfermeiros, administrativos e outros profissionais que atuam no SAMU e na regulação, e nos solidarizamos com esses profissionais que, em menos de um ano, são aplaudidos pela bravura e heroísmo com que enfrentaram e enfrentam a pandemia e agora são informados que em menos de trinta dias terão suas atividades interrompidas pela terceirização do serviço.
Alertamos que estas mudanças repentinas podem causar grandes prejuízos para a população, estamos em uma guerra contra o vírus, contra a desinformação e em meio a um colapso do sistema. Nossas equipes têm uma experiência acumulada em lidar com o atendimento dos pacientes vítimas do Covid, adquirida ao longo destes 10 meses. Remover essas equipes por pessoas sem tal experiência seria colocar vidas em risco e até mesmo submeter esses novos profissionais à ameaça da contaminação, podendo levar ao caos, tal como está se vendo em Manaus, por outras razões.
Não é hora de amadorismo, de experimentos ou improvisações, o momento exige responsabilidade, experiência e muito compromisso com o SUS entendendo aí compromisso com usuários, trabalhadores e gestão democrática.
Por tudo isso convocamos a população para que nos mobilizemos em defesa do SUS, da vida e, juntos, digamos não a esta mudança no momento mais crítico da pandemia.