A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib identificou, até esta quinta-feira (19), 236 candidaturas eleitas de 71 povos indígenas no primeiro turno das eleições municipais. Esse já é o maior número de parentes e parentas eleitos na história do Brasil.
Em plena pandemia da Covid-19, candidatos e candidatas indígenas enfrentaram a atual crise sanitária e ocuparam cargos nos poderes executivo e legislativo, em 127 cidades de 24 estados, em todas as regiões do país. 2020 foi o ano de maior participação indígena nas urnas, foram 2.212 candidatos nos 5.568 municípios do país – representando um aumento de 27% em relação às eleições de 2016.
Neste ano, a Apib lançou a mobilização Campanha Indígena (@campanhaindigena), uma iniciativa para ampliar a representação indígena nos espaços de poder por meio da visibilidade e de suporte jurídico aos candidatos e candidatas. Os dados parciais apurados pela Campanha Indígena indicam que dos 236 eleitos, 215 são de indígenas eleitos para Câmaras Municipais, 10 para prefeituras e 11 ao cargo de vice prefeitos. (obs.: esses dados estão em constante modificação até o momento)
O aumento da população indígena na participação das eleições municipais é concomitante ao aumento dos ataques aos seus direitos, em meio a pandemia de Covid-19. Segundo Dinaman Tuxá, um dos coordenadores executivos da Apib, o maior interesse na política institucional deve-se à ampliação do debate sobre a necessidade da representatividade dos povos indígenas e a defesa dos seus direitos nestes importantes ambientes de decisão. Tuxá ressalta ainda que “a pauta comum entre todos candidatos que é a retomada da demarcação dos territórios indígenas, ainda que tenham pontos de vista políticos distintos e sejam filiados a partidos diversos”.
Histórico
O primeiro indígena eleito no Brasil, que o movimento indígena tem registro, foi Manoel dos Santos, seu Coco, do povo Karipuna, em 1969. Ele cumpriu mandato como vereador na cidade de Oiapoque, no Amapá.
Em 1976, o Cacique Ângelo Kretã ganhava uma cadeira na Câmara Municipal de Mangueirinha (PR), após lutar na Justiça pelo direito de candidatar-se.
No âmbito federal, Mario Jurua se tornava o primeiro indígena a ocupar o cargo de deputado federal em 1982 – seis anos depois os direitos indígenas eram reconhecidos na Constituição Federal.
O primeiro prefeito indígena eleito, registrado pelo movimento indígena, foi no ano de 1996. João Neves, do povo Galibi-Marworno, comandou o executivo do município de Oiapoque, no Amapá.
A partir de 2014, o Tribunal Superior Eleitoral passou a incluir registro de cor/raça dos candidatos.
Em 2016, concorreram às eleições municipais 1. 715 indígenas. Deste total, foram eleitos 169 vereadores, 6 prefeitos e 10 vice-prefeitos.
A presença feminina nos pleitos eleitorais se consolidou em 2018 com a eleição de Joenia Wapichana como deputada federal e com a participação de Sonia Guajajara em uma chapa para presidência da República que, até então, nunca havia sido disputada pleiteada por uma indígena.
Das 2.212 candidaturas indígenas, 236 foram eleitas
215 vereadores
10 prefeitos
11 vice-prefeitos
*Total de povos:* 71
*Total de cidades:* 127
*Estados por região*
Norte
- Acre (12)
- Amapá (3)
- Amazonas (46)
- Pará (9)
- Rondônia (4)
- Roraima (16)
- Tocantins (6)
Nordeste
- Alagoas (4)
- Bahia (15)
- Ceará (4)
- Maranhão (8)
- Paraíba (20)
- Pernambuco (17)
- Piauí (1)
- Rio Grande do Norte (1)
Sudeste
- Espírito Santo (1)
- Minas Gerais (13)
- São Paulo (4)
Centro-Oeste
- Mato Grosso (11)
- Mato Grosso do Sul (13)
- Goiás (1)
Sul
- Rio Grande do Sul (15)
- Paraná (5)
- Santa Catarina (7)