O Museu Paranaense (Mupa) iniciou uma série de postagens em suas redes sociais que relacionam as áreas da arquitetura e do design com os departamentos científicos do museu: Antropologia, Arqueologia e História.
O objetivo é compreender de que forma o diálogo entre essas áreas, aparentemente tão distintas, podem resultar em reflexões sobre a maneira como vivemos, habitamos e nos relacionamos com o ambiente construído, seja ele representado por nossa moradia, local de trabalho ou cidade.
A diretora do Museu Paranaense, Gabriela Bettega, acredita que a arquitetura é uma manifestação espacial fruto de relações interdisciplinares. “Talvez nenhum espaço seja tão propício para tais investigações como um museu que possui departamentos em campos como antropologia, arqueologia e história com seus diversos e heterogêneos acervos aguardando por narrativas a serem costuradas”, diz a diretora.
Segundo ela, em análises etnográficas no campo da antropologia, por exemplo, pode-se observar grupos sociais que, na construção de seu espaço, não fazem distinção, tal como fazem as sociedades ocidentais, entre urbanismo, arquitetura, agricultura, mitologia, astronomia e religião, mas exercem sua manifestação espacial por meio de uma costura entre todos esses campos, em perfeita simbiose com o meio.
Intitulada “O campo ampliado da arquitetura no acervo do Mupa”, a iniciativa pretende ser uma ferramenta capaz de ampliar e estimular novas reflexões e possibilidades nesse momento em que a resiliência se torna fundamental.
Estarão presentes questões como “de que maneira os povos originários e sua arquitetura tradicional podem contribuir para repensarmos a nossa relação com as transformações e o domínio da paisagem?”, ou “seria possível traçar uma relação direta entre a geomorfologia, a geologia e a produção de nossa arquitetura? Nossa intervenção no espaço seria uma nova camada estratigráfica passível de ser submetida a uma constante análise arqueológica?”
PROGRAMAÇÃO – As postagens seguem até setembro, com uma publicação a cada 15 dias nas redes sociais do Museui no Facebook e Instagram.
Entre os assuntos previstos no campo da História estão o conceito de sujeito família presente na cultura portuguesa e sua influência na forma do espaço residencial colonial brasileiro; o projeto do Centro Cívico de Curitiba, marco do urbanismo modernista no Brasil; e a tradição de desenvolvimento de catálogos de tipologias e projetos arquitetônicos e sua posterior replicação em contextos distintos.
No campo da Arqueologia, serão abordados o caráter projetual e por vezes criativo do ofício do arqueólogo contemporâneo e sua relação com práticas do passado; a produção ancestral de artefatos e sua interpretação enquanto elementos estéticos e ornamentais; a utilização de cerâmicas e azulejos na arquitetura portuguesa e posteriormente brasileira, com destaque para a influência que descobertas arqueológicas de edificações romanas tiveram no resgate e popularização dessa tradição.
E no campo da Antropologia, estão entre os assuntos o conceito da construção efêmera na arquitetura tradicional indígena, a ideia de mobilidade e sua influência no entendimento do território; uma análise sobre as construções tradicionais dos povos Jê em território paranaense, com destaque para a arquitetura das casas subterrâneas; e a relação entre os grafismos indígenas e o desenvolvimento da tipografia na criação e perpetuação de narrativas.
SERVIÇO – O campo ampliado da Arquitetura no acervo do Museu Paranaense.
Série quinzenal de posts nas redes sociais
De junho a setembro.
Facebook e Instagram: @museuparanense