O clima de já ganhou e as disputas internas por espaço em Curitiba

As negociações em torno do próximo pleito eleitoral em Curitiba revelam uma intricada rede de interesses partidários e ambições pessoais, refletindo um panorama político marcado pela disputa acirrada por cargos na administração municipal. Neste contexto, observa-se um fenômeno que pode ser descrito como um verdadeiro “sequestro eleitoral”, no qual as posições estratégicas são objeto de barganhas intensas entre os partidos, visando consolidar suas influências e assegurar o controle sobre setores chave da futura gestão.

A prática de repartir cargos entre aliados políticos, amplamente criticada e comparada ao aparelhamento do Estado pelo Partido dos Trabalhadores no período anterior à Operação Lava Jato, mostra-se novamente presente na república de Curitiba. Desta feita, não se trata apenas de assegurar o financiamento de campanhas eleitorais, mas de garantir a ocupação de secretarias inteiras por partidos que prometem lealdade e apoio.

O atual prefeito, Rafael Greca (PSD), aparece como o artífice dessas movimentações, supostamente em favor de Eduardo Pimentel (PSD), seu candidato preferido à sucessão.

Nos bastidores, fala-se de uma verdadeira dança das cadeiras, onde indivíduos próximos a Rafael Greca são cotados para ocupar posições de destaque na futura administração, caso a vitória seja alcançada no primeiro turno.

Dentre os cargos de maior relevância e cobiça, destacam-se a Secretaria de Meio Ambiente, onde Marilza Dias, caso não seja escolhida como vice-prefeita, retornaria para gerir contratos importantes, como o de gestão do lixo; a Secretaria de Obras, onde Almir Bonato é o nome natural, ainda que a função seja disputada por diversos pretendentes; a Secretaria de Governo, com Luiz Fernando Jamur, atualmente no Podemos, desejando permanecer no cargo para garantir continuidade à gestão iniciada por Rafael Greca; e a Procuradoria, onde Cibele Fernandes Dias, ex-chefe de gabinete de Rafael Greca, conta com o apoio do prefeito, embora Giovani Gionedis, segundo as línguas afiadas, tenha preferência por manter Vanessa Palácios ou Rosa Pedroso, esta última de carreira  e atual vice-procuradora.

A grande questão que se desenha é a iminente falta de espaço para acomodar todas as ambições dentro do governo. A equipe atual, aparentemente, não percebeu que a equipe de Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD) também busca influenciar na escolha dos membros da futura administração. Este embate, que gera tensões nos bastidores, gira em torno do fato de que a máquina administrativa está nas mãos da equipe de Rafael Greca, sem a qual Eduardo Pimentel teria menor chance de se eleger prefeito.

Ademais, o clima de “já ganhou” que permeia as discussões não favorece Eduardo Pimentel, uma vez que a eleição ainda não está definida. Esse otimismo prematuro pode criar uma falsa sensação de segurança, negligenciando a importância de conquistar o eleitorado e garantir a viabilidade política das alianças. Portanto, o cenário político em Curitiba permanece aberto e indefinido, exigindo cautela e estratégia dos candidatos envolvidos.

A grande pergunta que se coloca é: Eduardo Pimentel conseguirá compor com Ney Leprevost? E, em caso afirmativo, o que será eventualmente fechado para que essa aliança se concretize? Com tantas ambições em jogo, faltará espaço na prefeitura para acomodar todas as pretensões políticas.