O Correio Braziliense informa que a recuperação da atividade econômica foi interrompida. Em comunicado público, após a última decisão de manter a taxa Selic no mesmo patamar, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central admitiu que a economia está estagnada. O primeiro semestre do ano é dado como perdido, porque falta confiança para investimento e consumo, de acordo com analistas. De acordo com estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), de 2011 a 2020, o crescimento médio do Brasil será de apenas 0,9%. Se isso se confirmar — e as chances são grandes — será a pior década em 120 anos.
Ao logo desses 10 anos, o país sofreu a maior recessão da história, com o Produto Interno Bruto (PIB) caindo 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016. O desemprego disparou, o endividamento das famílias cresceu e o investimento na economia se retraiu. Analistas acreditavam que, após a crise, a retomada começaria a partir de 2017 e ganharia força nos anos seguintes. Mas a previsão não se cumpriu.
Brasil nunca demorou tanto, como agora, para sair de uma recessão, dizem especialistas. O país cresceu 1,1% em 2017 e em 2018, mas o ritmo caiu neste ano, mesmo com a expectativa positiva do setor produtivo em relação ao governo de Jair Bolsonaro, que sinalizou uma guinada para políticas liberais, de desburocratização e reformas estruturais. A economia deve avançar 0,9% de acordo com previsão dos analistas do mercado financeiro, divulgada no Boletim Focus, do Banco Central (BC).
O principal problema econômico do país hoje são as contas públicas, que estão no vermelho desde 2014. “A aprovação da reforma da Previdência é essencial para sinalizar em direção à solução da crise fiscal do país — que suporta uma dívida pública de quase 80% do PIB. Esse ponto é tão importante, porque um ambiente macroeconômico estável e capaz de incentivar os investimentos e a produção só é possível com o equilíbrio das contas públicas”, ressalta o presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Roque Pellizzaro Junior.
Rombo
Todo ano, o governo gasta mais do que arrecada, aumentando a dívida pública. Estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, aponta que o deficit fiscal só deverá ser eliminado em 2023. Ou seja, se a previsão se confirmar, o país terá nove anos de rombo nas contas do governo. De acordo com analistas, a explicação está na expansão dos gastos com aposentadorias e pensões.
Enquanto as despesas do governo federal cresceram quase 30% de 2014 para 2018, passando de R$ 1,05 trilhão para R$ 1,351 trilhão, o custo com o pagamento de benefícios previdenciários avançou 49%. Esses gastos têm consumido a maior parte do orçamento federal, o que, na prática, reduz o espaço para aplicação de recursos em diversas outras áreas, como educação e infraestrutura. Como consequência, há cada vez menos dinheiro para investimentos públicos, o que também contribui para o desaquecimento da economia.
(Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)