O Porto de Paranaguá completa 85 anos nesta terça-feira (17) e se consolida como o mais eficiente do Brasil. São mais de 10,4 mil toneladas de carga movimentadas por cada metro de cais. Os recordes de produtividade e evolução crescente de infraestrutura transformaram o simples atracadouro em um gigante de produtividade, alcançando a marca histórica de 53,2 milhões de toneladas movimentadas em 2019.
Em 1935, Paranaguá era rota para exportar mate e café e importar produtos manufaturados da Europa. O porto, com apenas 400 metros, movimentou no seu primeiro ano 91,5 mil toneladas. O mesmo que um único navio embarcou, no ano passado, na maior operação de farelo soja do porto paranaense.
Com mais de 50 milhões de toneladas movimentadas no ano, Paranaguá chega aos 85 anos movimentando 500 vezes mais cargas hoje do que era operado na época de sua fundação.
Desde a chegada do primeiro navio estrangeiro, o inglês Somme, o tamanho e a quantidade das embarcações que atracaram no porto mudaram. Na década de 30, atracavam cerca de 400 pequenos navios e barcos pessoais, por ano. Hoje são mais de 2 mil, com comprimento superior a 330 metros de e 42 metros de largura.
O tráfego marítimo cresceu na medida em foram feitas dragagens e melhorias de infraestrutura. A primeira dragagem no Porto de Paranaguá data de 1936, mas só em 1948 é que acontece o aumento de profundidade ao longo do cais e da bacia de evolução.
“Hoje trabalhamos com um tripé de infraestrutura, na área marítima, terrestre e de acesso. O planejamento é muito mais de longo prazo e pensado nas demandas do setor para os próximos 20 anos”, conta o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
Exemplo desse planejamento de futuro é a dragagem de manutenção continuada, já contratada para os próximos cinco anos. Serão R$ 403 milhões investidos no período. “Ao todo, serão retirados cerca de 150 mil metros cúbicos de sedimentos no cais comercial e parte interna do píer de inflamáveis. A obra mantém o porto operacional, igualando as profundidades dos berços aos acessos aquaviários”, destaca.
CARGAS – Em oito décadas, os tipos de produtos movimentados foram transformando o porto paranaense. Em 1965, por exemplo, Paranaguá era o maior exportador de café do mundo. Com o final do ciclo do produto, na década de 70, vieram os embarques de milho e madeira.
“O Porto já exportou cargas como o mentol cristalizado, que era a base para produção de pasta de dente e bala de hortelã. Eram carregados nos navios em barricas e em caixas”, relembra Nilson Viana, funcionário do porto há 50 anos.
“Já tivemos o embarque de lecitina de soja, óleo de sassafrás, cabo de vassoura e até quadradinho de guatambu (pau-marfim), que era exportado para a Europa para fazer pés de móveis, além de madeiras nobres como o pinho, canela”, lembra.
Atualmente, Paranaguá é o 1ª porto do Brasil em exportação de farelo de soja e óleo vegetal, 2º na exportação de açúcar, papel (bobina), congelados, álcool e veículos, 3º no embarque de soja e madeira. O porto paranaense também é o líder disparado em importação de fertilizantes e responde por 34% de toda importação de adubo no país.
Porto como referência em cuidado com meio ambiente
Em 1935, quando o Porto de Paranaguá começou a operar de forma oficial no cais público Dom Pedro II, não havia preocupação com legislação ambiental ou cuidados com sustentabilidade. Com a evolução da atividade portuária e a preocupação crescente com o meio ambiente, o terminal paranaense passou a adotar medidas de proteção que hoje são referência no setor.
Assim, o porto completa 85 anos sendo reconhecido internacionalmente pelo cuidado com a natureza e, pelo segundo ano consecutivo, aparece entre os portos públicos mais sustentáveis do Brasil no ranking da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Além de manter os mais de 20 programas ambientais permanentes, dentro das condicionantes determinadas pelo Ibama, a empresa pública Portos do Paraná investe no relacionamento com a cidade. Em 2020, projetos como o Porto em Ação serão ampliados e chegarão também em comunidades ilhadas.
“O Porto assume, cada vez mais, um papel de protagonismo no cuidado com a natureza e a cultura local”, diz o diretor de Meio Ambiente da empresa pública, João Paulo Ribeiro Santana. “Nosso grande desafio é mostrar que é possível contribuir para redução do impacto ambiental, sem perder a competitividade nas operações”, acrescenta.
RANKING – Em 2019, o Índice de Desempenho Ambiental da Antaq colocou Paranaguá como o porto público de grande porto mais bem colocado do país. O questionário é composto por 38 indicadores, com base na legislação ambiental e boas práticas do setor portuário mundial.
Entre os quesitos avaliados estão licenciamento ambiental, treinamento e capacitação ambiental, auditoria ambiental, banco de dados, prevenção de riscos, redução no consumo de energia, geração de energia limpa e renovável, monitoramento e controle dos diferentes tipos de poluição, monitoramento da qualidade da água, segurança no trabalho, agenda ambiental local e institucional, planos de gerenciamento de resíduos sólidos dos terminais, licenciamento ambiental das empresas, programas de educação ambiental nos terminais e a divulgação das informações ambientais do porto.
“O trabalho ambiental da Portos do Paraná, juntamente com de toda comunidade portuária, é fundamental, devido à grande movimentação de cargas e da vocação graneleira dos terminais”, reforça Santana.
DESTAQUE MUNDIAL – A Portos do Paraná foi a única empresa do setor no mundo convidada a apresentar suas ações em um dos eventos paralelos oficiais da Conferência das Partes sobre Mudança Climática da Organização das Nações Unidas (COP-25), em dezembro de 2019, em Madri, na Espanha.
O Porto de Paranaguá foi apresentado como destaque no cuidado com o meio ambiente e foi tema de dois painéis, sobre as atividades desenvolvidas junto às comunidades e os programas de monitoramento e educação ambiental.