O governador Carlos Massa Ratinho Junior lançou nesta quinta-feira (12) dois projetos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) voltados à inovação: o BRDE Labs e o Fip Anjo. O objetivo é apoiar, capacitar e aportar recursos a startups que desenvolverão soluções para diversas áreas, mas com foco principal no agronegócio.
O BRDE Labs fará a seleção e aceleração de empresas startups, que desenvolvam soluções preferencialmente ao agronegócio, mas também empreendimentos voltados para a indústria 4.0 – IoT (Internet das Coisas), tecnologia da informação, energia, educação, saúde, logística e meio ambiente. A proposta é aproximar empresas inovadoras, academia e potenciais clientes, também levando a inovação ao Interior do Estado.
O programa será realizado em parceria com a Hot Milk, aceleradora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), com apoio de cooperativas agroindustriais e clientes do BRDE. Após um processo de capacitação, startups consolidadas dentro da aceleradora poderão ter acesso a fundos de investimentos e linhas de créditos operadas pelo BRDE.
Um desses fundos é o Fip Anjo, chamada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltada às startups e no qual o BRDE fez um aporte de R$ 15 milhões, que será destinado a empresas da região Sul.
Ratinho Junior afirmou que o Estado deve ser um grande indutor da inovação, que melhora os serviços e geram emprego e renda para a população, tanto na cidade como no campo. “Temos que trabalhar com o que temos de melhor nessa área. Por isso vamos potencializar os projetos de tecnologia no campo, já que o agronegócio está cada vez mais tecnológico, saindo da enxada e indo para os tablets e smartphones”, disse.
O governador ressaltou que o governo busca incentivar o ecossistema de inovação do Paraná, reunindo iniciativas e o know how do Estado, prefeituras, academia e do setor produtivo. Um exemplo foi o credenciamento de 18 parques tecnológicos em todas as regiões do Estado, para estimular o ambiente de inovação paranaense.
“O mercado de inovação gera muitos empregos. Temos empresas no Paraná que começaram há poucos anos como startups e já têm centenas de funcionários, uma mão de obra qualificada que recebe bons salários”, ressaltou o governador. “Trabalhamos muito para incentivar esse setor, o Paraná tem 18 parques tecnológicos espalhados por todo o Estado. Cidades como Londrina, Toledo, Curitiba e Pato Branco têm grandes empresas de base tecnológica”, citou.
INVESTIMENTOS – O BRDE é essencial nesse processo de implementar a inovação, afirmou Ratinho Junior. “Queremos que o BRDE, que é um banco que existe para o desenvolvimento econômico do Estado, possa fomentar novas empresas da área de inovação, para que elas gerem ainda mais oportunidades no Estado”, salientou.
De janeiro a novembro deste ano, o banco investiu cerca de R$ 70 milhões em projetos de inovação apenas no Paraná. A instituição é a maior repassadora no Brasil dos recursos da Financiadora de Estudos e Projeto (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Foram R$ 153 milhões da Finep destinados a projetos de inovação no período.
“Faremos o circuito completo junto às empresas de inovação, começando pelo apoio ao Fip Anjo e também contribuindo com o desenvolvimento das startups”, explicou o diretor de Operações da agência paranaense do BRDE, Wilson Bley. “Vamos priorizar a agricultura. Junto com as cooperativas, que são as grandes parceiras e clientes do banco, faremos com que a agricultura 4.0 tenha destaque nessa iniciativa”, afirmou.
CADA VEZ MAIS – O secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, afirmou que agronegócio utiliza cada vez mais a inovação, desde a mecanização, genética, biotecnologia e agora a digitalização da agricultura.
“Estamos na terceira revolução agrícola do mundo, com ferramentas que vêm refinar os processos de produção e a agricultura de precisão. Acelerar isso é inteligente, particularmente em um espaço agro como o nosso. Isso traz vantagens competitivas ao Paraná”, afirmou Ortigara.
BRDE LABS – As startups selecionadas pelo BRDE Labs serão direcionadas para um dos dois hubs do programa, localizados em Toledo, no Oeste, ou Londrina, no Norte do Estado. Elas receberão capacitações em áreas como estratégia de vendas, relações-públicas e financeira, desenvolvimento de produtos. As cooperativas parceiras ajudarão com a seleção, mentoria e apoio técnico para o desenvolvimento dos produtos.
O diretor da Hot Milk, Fernando Bittencourt Luciano, explicou que além de acelerar startups, a instituição também faz a interface entre grandes corporações e empresas de base tecnológica de todo o Brasil. “Este programa é uma oportunidade única para trabalharmos em diversas áreas do conhecimento, muito focado no agronegócio. Vamos angariar startups do Brasil inteiro para trabalhar com parceiros do BRDE em todo o Paraná, que trarão resultados excelentes para o Estado”, disse.
SELEÇÃO – O processo de seleção das startups inicia em fevereiro de 2020, durante o Show Rural, evento que acontece em Cascavel e é um dos maiores do mundo na área de inovação para o agronegócio. O programa terá duração de seis meses e não haverá custos para as empresas.
Ao final do programa, o BRDE, a Hot Milk e as cooperativas farão uma avaliação do desempenho de cada startup. As melhores soluções poderão fazer parceria com as cooperativas ou receber investimento dos fundos em que o BRDE é cotista.
FIP ANJO – O Fip Anjo é um fundo de investimento do BNDES dedicado às startups. O BRDE é um dos principais cotistas do fundo, com um investimento de R$ 15 milhões, que será aportado em empresas inovadoras da Região Sul. A gestão dos recursos é feita pela Domo Invest, uma das principais gestoras de Venture Capital no Brasil.
O objetivo do fundo é o aporte em empresas nascentes, sendo 40% delas com faturamento anual de até R$ 1 milhão. O restante será destinado a empresas com faturamento de até R$ 16 milhões. Deverão ser contempladas cerca de 150 empresas, sendo aproximadamente 100 startups na primeira etapa, com aportes entre R$ 100 mil e R$ 500 mil em cada uma.
O fundo já dispõe de R$ 60 milhões, com expectativa de elevar a captação para R$ 100 milhões. As empresas-alvo são das áreas de Economia Criativa, Agronegócio, Saúde e Biotecnologia, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), Fintechs e Cidades Inteligentes.
Todo investimento em empresas nascentes será acompanhado de coinvestimento de outro investidor anjo, que deve entrar com, no mínimo, o mesmo valor aportado pelo fundo.
A Domo Invest, gestora do Fip Anjo, é liderada por empreendedores que participaram da fundação de empresas como o Buscapé no Brasil. A equipe também esteve entre os primeiros investidores em startups de renome, como a Loggi, Gympass, Hotmart, Descomplica e Quero Educação. (AEN)