O governador Carlos Massa Ratinho Junior recebeu o Anteprojeto de Dragagem, Sinalização Náutica e Instalações de Apoio ao Turismo no Canal do Varadouro, com cerca de seis quilômetros de extensão, conecta Paranaguá a Cananéia (SP), passando pelas ilhas das Peças e Superagui, para melhorar as condições de navegação e impulsionar o turismo na região.
O nome “Varadouro” vem da prática antiga de arrastar canoas pelos rios da região, atividade que remonta a períodos anteriores à chegada dos portugueses na América do Sul.
O projeto propõe a ampliação do canal, com largura de 30 metros nos trechos mais largos e 20 metros nos pontos mais estreitos, além de dragagem para alcançar uma profundidade de 2,4 metros. Também prevê a instalação de 160 sinais náuticos, principalmente boias, para facilitar a navegação.
Outro ponto importante é a construção de estruturas de apoio náutico, incluindo banheiros, áreas de conveniência, ambulatórios e espaços de espera. As comunidades de Guapicu, Sebuí e Barbados contarão com trapiches e estruturas menores.
Já nas ilhas de Superagui e das Peças, onde há maior fluxo de turistas, serão instalados trapiches maiores e infraestruturas mais robustas. Na comunidade de Ararapira, um trapiche será construído para melhorar o acesso local.
Célio Watter, diretor de Planejamento e Projetos da Paraná Projetos, destacou a realização de estudos de batimetria, dragagem e sinalização náutica como essenciais para garantir a melhoria da navegabilidade e organização do fluxo no canal. Ele ressaltou que foram identificados 22 pontos com calado raso que, com o projeto, trarão benefícios às comunidades ribeirinhas da região.
Segundo o secretário de Estado do Planejamento, Guto Silva, com o tempo o canal passou por um processo de assoreamento e teve sua passagem deteriorada. Mesmo assim os habitantes de diversas comunidades situadas na região ainda fazem uso diário do Canal do Varadouro.
“Esse canal tem algo extraordinário: ele está no coração da Mata Atlântica. E ele tem um potencial turístico maravilhoso, também de geração de emprego para ribeirinhos, pelo turismo náutico, trazendo gente de São Paulo para navegar no Paraná, deixando receita e muita coisa positiva”, afirma. “Não temos dúvida de que é mais um projeto que pode mudar a cara do Litoral”.
Paraná adota nova estratégia para impulsionar turismo no Caminhos do Peabiru
O secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza, reforçou a importância do canal para os litorais do Paraná e de São Paulo, por realizar a conexão entre as baías de Paranaguá, Guaraqueçaba e Antonina com Iguape (SP) e que, no passado, teve até mesmo um serviço de transporte coletivo que atendia moradores. Com o anteprojeto em mãos, o Governo do Paraná pode dar andamento aos estudos de fauna, flora e aquático.
HISTÓRICO – No Tratado de Tordesilhas, por um bom tempo o Meridiano da Cananéia serviu de divisor entre os domínios espanhol e português. A região Varadouro, ao sul, até Cananéia (SP), ao norte, foi palco de embates entre castelhanos e portugueses. Dada a importância para economia, comunicação e defesa, o Varadouro era passagem obrigatória do comércio.
Um documento oficial de 9 de junho de 1804, da Câmera de Cananéia ao Governador Geral da Capitania de São Paulo, é considerado um dos primeiros registros sobre a necessidade e importância da abertura de uma via de comunicação entre a baía de Paranaguá e a de Cananéia para o aumento do comércio. Em 1828, o Conselho do Governo solicitou às Câmaras de Paranaguá e Cananéia que organizassem um plano para abertura do canal. Paranaguá respondeu no ano seguinte. Em 1844, uma lei autorizou a exploração do canal, ligando os rios Varadouro e Ararapira.
Em 1854, já como primeiro Presidente da Província do Paraná, Zacarias de Góes e Vasconcelos cobrou o cumprimento da lei. Mas somente em 1869, Antônio Augusto da Fonseca, então Presidente da Província, ordenou a elaboração de estudo para as obras de abertura do canal. Em 1920, durante a presidência de Epitácio Pessoa, finalmente foi consolidada a área limite entre o Paraná e São Paulo, quando se fixou a linha do rio Ararapira como divisa natural entre os estados.
Caminhos de Peabiru vira rota turística no Paraná
Dessa forma, o istmo (porção de terra bem estreita) do Varadouro ficou completamente situado do lado paranaense, permitindo a retomada das discussões sobre a abertura do Canal do Varadouro. Em 1956, por obra da Inspetoria Geral dos Portos e Canais, ocorreu a efetiva construção do canal. Ela facilitou a vida dos habitantes da região poupando tempo e ajudando com o comércio e turismo, assim como a construção do Porto do Varadouro.
Com o passar do tempo o transporte de mercadorias passou a ser feito pela BR-116 e outras rodovias. O canal começou a perder sua importância comercial, mas os habitantes de diversas comunidades situadas na região ainda fazem uso diário dele.