sábado, setembro 28, 2024
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InícioAssembleia Legislativa do ParanáTransporte piorou e encareceu com a gestão de Rafael Greca

Transporte piorou e encareceu com a gestão de Rafael Greca

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Nesta quarta-feira (12), a Assembleia Legislativa do Paraná sediou a audiência pública “O futuro do Transporte Coletivo de Curitiba: rumos e desafios”, onde foi debatido o modelo de transporte público que Curitiba adotará nas próximas décadas. O evento reuniu sindicalistas, estudiosos, políticos e especialistas para discutir maneiras de aumentar a utilização e melhorar a qualidade do serviço. O deputado Goura (PDT), responsável pelo encontro, destacou que o atual contrato de transporte coletivo da capital se encerra em 2025, exigindo uma nova licitação. Este é um momento crucial para reavaliar o sistema e definir seu futuro funcionamento.

Goura apontou que o sistema de transporte público de Curitiba, que já foi exemplar, agora enfrenta estagnação, com uma queda significativa no número de passageiros. Em 2010, os ônibus transportaram 23 milhões de pessoas, número que caiu para 9,3 milhões em 2024. A última licitação foi realizada há 14 anos, evidenciando a necessidade de uma revisão.

O parlamentar defendeu que a nova modelagem do sistema deve incluir a redução da tarifa, maior acessibilidade, e uma visão intermodal que integre ônibus, bicicletas e automóveis. Ele propôs ainda a implementação de um bilhete único, permitindo múltiplas viagens. “Queremos contribuir com propostas que garantam uma mobilidade mais eficiente e acessível para todos”, ressaltou Goura.

O transporte público de Curitiba, que integra 15 municípios da região metropolitana com mais de 60 linhas, enfrenta uma redução significativa de usuários. A capital, que possui mais de 250 linhas, registrou uma queda de 28% no número de passageiros nos últimos sete anos, segundo a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). Em 2022, foram registrados 62,9 milhões de passageiros, comparados a 87,5 milhões em 2015.

Esta tendência de declínio segue o padrão nacional. De acordo com o Anuário 2022-2023 da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, o número de usuários de transporte público em todo o país caiu quase 25% entre 2019 e 2022.

Novo olhar

Para o pesquisador Lucio Gregori e defensor da universalização do transporte público, o problema da discussão e a saída está na mudança da abordagem sobre o sistema. “A verdade é que o transporte é regulado por um equívoco gigantesco quando a tarifa é considerada o custo do sistema. O passageiro é receita, não custo. Na pandemia, quando desabou o número de passageiro, não desabou o custo do sistema, e sim a receita”, explicou.

Segundo ele, é preciso mudar isso. Gregori lembrou que o custeio do transporte coletivo é de exclusividade do município. Para o pesquisador, isso é um absurdo. “O transporte público serve para economia como um todo. Estado e União devem contribuir. A empresa não deve ter nada a ver com o que vai transportar. Ela não tem a necessidade de ter linha rentável ou não e sim passa a ser remunerada por quilômetro rodado. Isso quem determina é o poder concedente. Temos condições de implantar a tarifa zero. Chega de discutir. Tudo o que foi proposto antes não valeu”, reforçou.

A engenheira civil e pesquisadora para o desenvolvimento do transporte público e promoção da acessibilidade urbana, Tainá Andreoli Bittencourt, lembrou como o transporte se torna cada vez menos atrativo para o usuário com uma tarifa cada vez mais cara.  “Quando falamos de transporte, o que vem em mente geralmente é a tarifa paga pelo usuário. De fato, Curitiba tem a mais cara do Brasil. É uma tarifa inacessível para a população. Por exemplo, para os 25% mais pobres da cidade, duas viagens por dia custa no mês 22% do seu orçamento. Quando a tarifa fica cara, você contribui para que o transporte fique menos atrativo. A qualidade da infraestrutura tem se degradado nos últimos anos, seguindo a tendência nacional. A idade média da frota é a mais velha em 27 anos. Isso diminui a qualidade do serviço”, ressaltou.

Para a estudiosa, há a possibilidade de se criar uma série de mecanismos para financiar o sistema. “Estes recursos podem vir da circulação dos carros, com mais cobrança de estacionamentos rotativos. Em 2022, Curitiba arrecadou R$ 23 milhões em 21 mil vagas. O potencial poderia chegar a mais de R$ 1 bilhão. Também é possível realizar a cobrança dos empregadores. Nesses moldes, estamos falando de recursos de verdade para sustentar o sistema. Com a nova licitação, temos agora uma janela de rediscutir isso”.

Acessibilidade

O diretor do Instituto Paranaense de Cegos, Enio Rodrigues da Rosa, o membro da Coordenação da Política Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Desenvolvimento Social e Família do Estado, Roberto Leite, e o representante da população, Ricardo Mesquita, abordaram o tema sob a perspectiva da pessoa com deficiência.

Os participantes concordaram que o sistema não é acessível, por exemplo, para pessoas cegas ou com problemas de mobilidade. Roberto Leite citou o exemplo de uma pessoa com deficiência física. “Muitas estações tubos não têm nem plataforma elevatória e nem rampa. Como a pessoa sai dessa estação? E quando não tivermos mais cobradores? Quem vai ser responsável por isso?”, indagou Leite. “Na elaboração do edital, olhem a Lei da Mobilidade. Todas trazem as obrigações que devem ser cumpridas”, completou ele.

Participações

Também estiveram presentes na discussão vereadores de Curitiba. O vereador Herivelto Oliveira falou sobre a experiência da tarifa zero em outros municípios do país. Já a vereadora Giorgia Prates abordou, entre outros temas, a dificuldade da população da periferia ter acesso a um transporte público de qualidade. Por fim, o vereador Marcos Vieira frisou que o encerramento do contrato permite a elaboração de um novo modelo que poderá fazer a diferença na vida das pessoas. Ele também reforçou que em muitos pontos o transporte coletivo da capital não possui acessibilidade a pessoa com deficiência.

A militante do Movimento de Trabalhadores por Direitos da Frente Tarifa Zero Curitiba, Ana Clara Nunes, reforçou que a tarifa zero oferece às pessoas o acesso a outros direitos, como educação, saúde e trabalho. O professor Lafaiete Neves, aposentado do Departamento de Economia da UFPR e especialista em transporte público também participou do debate.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Esquerdistas não conseguem compreender a realidade. Aquilo que o governo “dá” não é grátis, já foi muito bem cobrado da sociedade, por meio dos mais variados impostos que pagamos diuturnamente! Não existe tarifa zero, acordem!

  2. Na verdade foram discutir politicamente, o óbvio. Mas para o debate foi esquecido o fundamental, chamar usuários do sistema do transporte público de Curitiba, gente que sofre diariamente seja com o preço alto das tarifas, o horror das tabelas de horários, frota sucateada, cobradores trabalhando sem banheiro, sofrendo no calor e no inverno.

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