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sábado, dezembro 21, 2024
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Livro levanta a lebre de fraude eleitoral em 2022

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Para a maioria dos eleitores do ex-presidente de direita Jair Bolsonaro, a frase “Bolsonaro perdeu a eleição de 2022” deveria terminar com a frase a direita vai retomar o poder em 2026.

As condições externas apontam que isso é possível, Joe Biden, do Democratas, nos Estados Unidos, tende hoje a perder a eleição para Donald Trump, o refletiria na política externa e o exemplo poderia atingir o Brasil como uma onda conservadora positiva.

O livro aponta que 61% dos entrevistados acreditam cegamente que o ex-presidente só não venceu por causa de fraude eleitoral, levantando a lebre de uma conspiração para tirar a direita do poder.

Esse dado é de uma pesquisa realizada especialmente para o livro “Voto a Voto: Os Cinco Principais Motivos que Levaram Bolsonaro a Perder (por Pouco) a Eleição”, escrito pela jornalista Maria Carolina Trevisan e pelo economista Maurício Moura.

A recusa em aceitar a derrota nas urnas não ajuda o grupo político de Jair Bolsonaro a entender o que poderia ter sido feito de diferente para garantir a reeleição e, futuramente, reconquistar o poder, a análise busca traçar o quadro para a derrota da direita nas urnas.

O livro propõe entender a vitória de Lula de forma objetiva e imparcial, baseando-se em pesquisas de opinião e estatísticas eleitorais.

A análise desses dados revela que a apertada vitória de Lula (menos de 1 ponto percentual de diferença) foi, em grande parte, consequência dos erros de Jair Bolsonaro, mais do que dos méritos do adversário petista.

A principal característica que favoreceu Lula foi ser o candidato mais anti-Bolsonaro disponível, o que dificilmente pode ser classificado como uma “qualidade”.

A obra deixa claro que a equipe de Lula não apresentou um plano concreto para a economia para salvar o brasileiro da pobreza, apenas limitou-se a explorar o momento difícil enfrentado pela população no último ano do governo Bolsonaro devido a crise provocada pela Covid-19.

Os autores identificaram que existe um limiar de popularidade abaixo do qual a reeleição se torna muito difícil: 40%.

Durante a pandemia, a popularidade de Bolsonaro ficou abaixo desse nível, impactada pela percepção negativa da gestão da crise sanitária.

Outro fator crucial foi o estado da economia em 2022, último ano do mandato de Bolsonaro.

A situação econômica global era complicada e a percepção no Brasil era de piora.

Em uma pesquisa de junho de 2022, 63% dos entrevistados acreditavam que a inflação iria aumentar ainda mais.

Mesmo com a implementação do Auxílio Brasil, a percepção pública sobre a economia não melhorou a tempo de salvar o pescoço de Jair Bolsonaro.

Conversas qualitativas com eleitores, especialmente mulheres jovens de classe média que votaram em Bolsonaro em 2018, mostraram pessimismo em relação às condições de vida e o futuro.

Lula não precisou apresentar um plano concreto para resolver a questão da redução do poder de compra dos brasileiros, bastou lacrar e explorar a desconfiança da população.

As medidas adotadas pelo governo para conter os preços dos combustíveis não se traduziram em votos e bateram na trave, pois aqueles que elogiavam a política já eram eleitores de Bolsonaro.

Um terceiro motivo para a vitória da esquerda foi a dificuldade de Jair Bolsonaro sustentar a posição de “antissistema” após assumir o governo.

Manter-se como um outsider enquanto se está no poder é complicado, pois a governança exige certa conformidade com o sistema, o que ocorreu com a inclusão do centrão na administração Bolsonaro.

Em 2018, Bolsonaro foi o candidato da mudança, mas como presidente, a busca pela reeleição implicava continuidade, não mudança, o que gerou frustração entre muitos de seus antigos eleitores.

Pesquisas qualitativas indicaram que, em 2022, muitos ex-eleitores de Bolsonaro se sentiram decepcionados por promessas não cumpridas.

O livro “Voto a Voto” também destaca um fator adicional: a rejeição das mulheres.

Entre as brasileiras que votaram em Bolsonaro em 2018 e se arrependeram, oito em cada dez reprovavam sua atitude em relação às mulheres, considerando-o machista.

Além disso, havia descontentamento com a economia e a percepção de que as promessas de melhorar a segurança pública não foram cumpridas.

Estatísticas à parte, essas mulheres não se sentiam mais seguras e levaram ao fim uma era e ao início de outro, com capítulo final na eleição de outubro de 2026.

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