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segunda-feira, dezembro 23, 2024
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Festival Internacional da Palavra sacaneou poetas curitibanos

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A gestão do prefeito Rafael Greca promoveu, através da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) de 27 de setembro a 1º de outubro, o I Festival Internacional da Palavra.  A pretensão era de produzir, conforme a Fundação Cultural de Curitiba: “ um evento literário que vai muito além das páginas dos livros, o festival é gratuito e reunirá convidados nacionais e estrangeiros para explorar a riqueza e as interseções da palavra em diversas manifestações: dança, música, teatro, ativismo e várias outras possibilidades.”

A verdade é que, infelizmente, foi um fracasso em termos culturais para o desenvolvimento do mercado cultural local, primeiro porque não valorizou os poetas curitibanos, segundo por preferir bancar e dar divulgação ao papo de escritores discutíveis como Leandro Karnal, com 30 mil motivos para não se acompanhar, do que dar espaço digno para os bardos locais.

Aqui começa a triste realidade para um amante dos versos: ao ir ao Largo da Ordem para tentar assistir alguns poetas conhecidos do underground , na chamada maratona de 24 horas de poesias, onde 48 poetas de Curitiba iriam declamar as obras, acabei assistindo a realidade nua e crua da desvalorização do artista local.

Inocentemente, achei que as apresentações seriam no Memorial de Curitiba, onde as principais atividades estavam acontecendo.  Lá, ninguém sabia onde estava se realizando a tal maratona de poesia.  Depois de muito perguntar, o porteiro de um dos auditórios me informou que o evento era na Feira do Poeta.

Cheguei lá e para minha indignação disponibilizaram uns 20 banquinhos de plástico para a plateia descolada e que conseguiu achar a salinha da Feira do Poeta, num dia chuvoso. O mais lamentável de tudo foi o pagamento do cachê de R$ 200,00 para cada poeta local, uma fração do que foi despendido com medalhões como Leandro Karnal, um charlestão da palavra, na minha pobre opinião.

Em suma, o Festival da Palavra de Curitiba ficou devendo muito aos escritores, principalmente aos poetas, de sua cidade. Esperamos que haja uma próxima edição do Festival e que os principais interessados no ofício da palavra sejam ouvidos na concepção e produção do evento, mas acho que seria esperar demais.

A renomada poetisa Luci Collin, curadora do evento, prestigiou artistas internacionais como a premiada Paulina Chiziane, primeira mulher negra a vencer o Prêmio Camões; o português José Luiz Peixoto, ganhador do Prêmio José Saramago de 2001; a irlandesa Mary O’Donnell, a argentina Inés Garland, a libanesa Iman Humaydan, a indiana Jyoti Kiran Shukla e o americano Kiran Bhat (de raízes indianas); além dos nacionais Eduardo Bueno, Leandro Karnal (!), Mary Del Priore, Amara Moira, Auritha Tabajara, Flavio de Souza, Cassio Scarpin , Natália Polesso , Ricardo Aleixo, José Inacio Viana de Melo, Bel Santos Meyer, e alguns autores e artistas paranaenses, entre eles Alice Ruiz, Cristóvão Tezza, Giovana Madalosso, Nadja Naira.

Segundo pudemos apurar, os cachês foram expressivos, em linha com o que se paga em eventos internacionais semelhantes, mostrando que a política cultural de Rafael Greca é só para tirar fotos e gerar cliques. Triste pensar que dos 100 participantes, 48 eram poetas da terra dos pinheirais e não foram valorizados como deveriam.

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