spot_img
sábado, dezembro 21, 2024
spot_img
spot_img
spot_img
InícioDestaqueDia 21 fez 130 anos da primeira eleição à Prefeitura de Curitiba

Dia 21 fez 130 anos da primeira eleição à Prefeitura de Curitiba

spot_img
spot_img

Júlio Zaruck conta que o dia 21 setembro marca uma data muito especial para a cidade de Curitiba: em 1892, há 130 anos, foi realizada a primeira eleição direta para prefeito da capital paranaense. É verdade que, naquela época, recém-nascida a República, votavam apenas os maiores de 21 anos, preferencialmente brancos e bem ou razoavelmente posicionados na sociedade. O voto era proibido às mulheres, que só passaram a exercê-lo a partir de 1935, aos analfabetos, mendigos, militares de baixa patente e aos religiosos.

O presidente brasileiro era o marechal Floriano Vieira Peixoto (1891-1894) e o Paraná era governado por Francisco Xavier da Silva, que ficou no cargo entre fevereiro de 1892 e abril de 1893. Na época, o chefe do executivo estadual também era chamado de presidente.

Curitiba já havia tido um prefeito ao tempo em que o Paraná era a Quinta Comarca de São Paulo: José Borges de Macedo, um ex-vereador da cidade de Castro e comerciante na Capital, com loja na antiga rua Fexada, atual José Bonifácio. Seu mandato foi curto: entre 1835 e 1838, quando o cargo foi extinto e o comando do executivo voltou a ser exercido pelo presidente da Câmara de Vereadores.

Na esteira da primeira Constituição republicana brasileira, a Constituição do Paraná, promulgada em 7 de abril de 1892, reintroduz a figura do prefeito na vida política de Curitiba. A Carta estabelece que: “O governo municipal é delegado: a) a uma corporação deliberante, com a denominação de Câmara Municipal; b) a um cidadão encarregado das funções executivas, denominado prefeito”, que teria mandato de quatro anos e poderia ser reeleito.

A eleição foi marcada para pouco mais de seis meses depois, em 21 de setembro. Apresentaram-se quatro candidatos: Cândido Ferreira de Abreu, engenheiro; Icílio Orlandine, agente bancário; Affonso Guilhermino Wanderley, artista; e Coriolano Silveira da Motta, funcionário público.

Em meio à agitação eleitoral, um pequeno anúncio de jornal informa: “Declaro ao eleitorado desta Capital que sou candidato ao cargo de prefeito municipal. a) João Calixto Sapopema Minhoca, banqueiro, residente nesta Capital”.

No primeiro batismo republicano das urnas curitibanas, emerge como prefeito eleito o engenheiro civil Cândido de Abreu, nascido em Paranaguá, que iniciou sua vida profissional na Amazônia, na Comissão de Exploração da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, e que havia sido diretor de Obras Públicas da Província do Paraná, entre 1887 e 1889. Venceu por ampla margem de votos: 1.106 contra 162 de Orlandine, 42 de Wanderley e 22 de Silveira da Motta. De João Minhoca, nem se ouviu falar.

Foi muito curto, porém, o mandato de Cândido de Abreu: durou um ano e onze meses, porque ele renunciou em 23 de agosto de 1894, desgostoso com os atritos com a Câmara de Vereadores, que bloqueava recursos para obras. Na imprensa, uma lacônica nota: “Resignou o cargo de prefeito da Câmara Municipal desta Capital o dr. Cândido Ferreira de Abreu”.

Mas ele voltaria em 1913, como prefeito nomeado, com a missão de reerguer a administração municipal, que passava por crises. Criou, então, a Comissão de Melhoramentos, que ficaria célebre pela longa série de obras legadas à Capital, uma espécie de plano diretor da cidade. Entre as obras, a construção da primeira sede própria da Prefeitura – o Paço da Liberdade, em 1916, hoje um centro cultural administrado pelo Sesc Paraná e um dos pontos de interesse turístico da Capital.

Sucederam a Cândido de Abreu como prefeitos eleitos: Cyro Persiano de Castro Vellozo (1895-1896); Cícero Gonçalves Marques (1897-1900); Luiz Antônio Xavier (1900-1908, o primeiro reeleito); e Joaquim Pereira de Macedo (1908-1912). Entre a renúncia de Abreu e sua volta ao Executivo, já como prefeito nomeado pelo presidente do Estado, Carlos Cavalcanti, vários vereadores ocuparam interinamente a Prefeitura.

A nomeação de prefeitos de Curitiba, muito deles com mandato-relâmpago, prosseguiu até 1954, quando o major Ney Aminthas de Barros Braga, que havia sido chefe de polícia (cargo equivalente ao atual secretário de Segurança Pública), no governo de Bento Munhoz da Rocha Neto, foi eleito o primeiro prefeito de Curitiba depois da redemocratização do país, com a queda do ditador Getúlio Vargas.

Notícias Relacionadas

1 COMENTÁRIO

  1. Cândido de Abreu adequou Curitiba para ser a capital do Estado. Seu foco era o anel central, hoje dominada pelos noiados, triste ironia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

spot_img
spot_img
spot_img
spot_img

Notícias Recentes

- Advertisment -