O jornalista político Pedro Ribeiro revisa o passado e conta que na década de 80, como presidente da Associação dos Jornalistas de Economia e Finanças do Estado do Paraná (Ajef), realizamos um evento que marcou o início da minha carreira no jornalismo: “O Paraná e os Desafios dos Novos Caminhos”. Um debate com jornalistas. Nossa intenção era mostrar ao Brasil e principalmente como o Paraná iria se comportar nas décadas seguintes.
Com o esboço do projeto no papel – lauda – comecei a sentir o peso da responsabilidade quando recebemos a confirmação de convidados que representavam, à época, o setor produtivo da economia, lideranças do comércio, representantes do Congresso Nacional e empresários da comunicação, como Francisco Cunha Pereira Filho e Paulo Pimentel.
Chamei meu parceiro na empreitada, o jornalista e vice-presidente da Ajef, Luiz Augusto Juk e disse: e agora? O sempre otimista Juk respondeu: vamos em frente, montaremos uma equipe e mostraremos que o efetivo papel da Ajef é o de fomentar o debate jornalístico e relatar suas ações à sociedade.
Foi quando fui consultar um professor para me ajudar nesta jornada e foi a coisa mais acertada que fiz. Meio sem jeito de falar o que queria, pois o mestre não era de muitas palavras, criei coragem e disse: professor Aroldo! Criamos um projeto para debater o Paraná e ganhou dimensões que eu não esperava e precisamos da sua ajuda, da sua experiência?
– Vamos ver do que se trata, respondeu o mestre. “A ideia é boa e vou ver o que posso fazer. Passe aqui em casa amanhã e voltaremos a conversar”.
No outro dia, na hora marcada, lá estava eu na casa do professor Aroldo Murá para me aprofundar neste debate. Ele me entregou uma lauda com mais de 10 perguntas que deveriam fazer parte das discussões. Antes de deixar sua casa, ele falou: “não esqueça que o papel do jornalista é o de relatar os fatos à sociedade e não o de inventar notícias e o repórter tem que investir em análise, interpretação para ganhar não só a credibilidade do leitor, como também da fonte de notícias. Este seminário deverá marcar época. Invista nele”.
Sai de sua casa aliviado e, em cima de algumas dessas perguntas, montamos os painéis e o seminário foi um sucesso.
Escrevo essas palavras de recordação porque, passados 40 anos, de uma grande amizade, fui convidado para ir à casa do professor para ser entrevistado pelo mestre, honrado em ser personagem da décima terceira edição de sua fantástica coleção “Vozes do Paraná – Retratos de Paranaenses”, que será lançada dia 12 de setembro a partir das 19h na Sociedade Garibaldi.
Verdade, o jornalista deve relatar fatos e não deve emitir sua opinião,salvo,quando solicitado.