O bem informado jornalista Aroldo Murá informa que a temperatura está fervendo na Associação Comercial do Paraná, “por vezes fazendo o barão se mexer no túmulo”, como assinala antigo conselheiro da ACP, por outro lado há um enorme número de associados que não deixa o assunto esfriar.
Eles estão espalhados por toda a cidade, e fazem circular informações quase sempre lançando anátemas contra o presidente Camilo Turmina, contemplando o dirigente com adjetivos pesados, alguns impublicáveis. Claro que há, em contraposição, porção de comerciantes que, ou se mantém neutra, ou expõe, com discrição, apoio ao trabalho da atual diretoria da ACP. O momento “não é de dar bandeiras”, argumenta um dos apoiadores de Turmina, que faz questão de ficar no anonimato.
Não faltam expressões duras, contra Camilo Turmina, todas apontando contradições “que clamam aos céus.” Tal como a de um associado que – garante-me – estaria, com outros membros da ACP, na “vez para concorrer à Presidência com o apoio da atual diretoria..”. Foi escanteado, a palavra dada foi esquecida…
Esse “direito” seria parte da tradição sucessória na ACP, quando acerto antecipado indica o próximo presidente. Tudo na paz e bem, meio à franciscana prudência.
Ontem, dia 9, um expressivo quadro da ACP garantiu-me que estaria preparando um dossiê “sobre as contradições de Camilo Turmina na condução da casa do Barão do Cerro Azul”.
O documento poderá explorar, por exemplo, o que esse frustrado associado chama de “irregularidade sem tamanho”. Como exemplo, citou as diversas reuniões de diretoria em que o presidente se comprometeu com a execução de medidas decididas pelo colegiado; no entanto, “ignora tudo, tão logo terminam as reuniões”.
O rol de reclamações dos oposicionistas é grande. Para não dizer enorme. Um dos pontos mais batidos seria “a falta de palavra da Presidência”, que, depois de combinar metas e projetos com a Diretoria, ignora tudo e acaba fazendo as coisas ao seu gosto. Tudo “à la vonté”. Mas há claro, analistas que se apresentam como “isentos”, estariam apenas interessados em manter a unidade dentro da ACP. Até mesmo um desses arrisca uma pequena “boutade”, ao dizer:
– Turmina só ouve e age com um trio de auxiliares que comanda, na prática, o dia a dia da entidade. É gente recém desembarcada na casa. Mas mostra “enorme apetite pelo poder”, especialmente o que envolve finanças…
Com eles é que conta Camilo Turmina. A área financeira seria uma das mais controvertidas na ACP “pois muitas de suas decisões contrariam o estatutos”.
Com o comerciante Digerone, Turmina quer fazer o sucessor, elegendo-o seu “primus interpares”, alguém , que, se as coisas continuarem como estão, terá de enfrentar uma poderosa oposição, que já escolheu José Eduardo Sarmento (um histórico quadro da Associação, empresário e advogado militante).
Há os conciliadores, aqueles que sempre querem estar de bem com todos os grupos. Um deles, por exemplo, de iniciais AHGJ. Ele credita aos tempos de pandemia “o viés ditatorial assumido por Camilo”. Uma situação de extra-poderes que ele estaria alongando além da conta. A sociedade não mais está fechada.
Hoje de manhã ouvi um antigo conselheiro da ACP, raciocínio rápido, capacidade de síntese enorme, que me autorizou a publicar o creme de suas análises sobre a situação no majestoso prédio da Rua XV:
– Camilo está apenas colhendo o que plantou. Ao se afastar de seu universo imediato – os companheiros da ACP – ele ampliou seu isolamento, afastando-se da cidade. Isso é pecado mortal, pois uma entidade do porte da ACP jamais poderá afastar-se da comunidade que, no final, é quem a sustenta e avalisa seu prestígio e sua capacidade de influenciar na comunidade.-