Ricardo Barros é citado como sócio oculto em notificação extrajudicial

O comerciante londrinense Domingos Souza Silva, que vendeu o imóvel que pertenceu à Valmar (na saída para Campo Mourão) à Ribeiro S/A Comércio de Pneus (Pneumar), presidida pelo empresário Francisco Feio Ribeiro Filho, ex-presidente da Urbamar no governo Ricardo Barros e ex-conselheiro da Sanepar na gestão Cida Borghetti, em notificação extrajudicial que cobra o pagamento dos valores combinados, chama o deputado federal e atual líder do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados de ser sócio oculto de Chiquinho Ribeiro. Ele teria participado e articulado de todo o processo, que vem sendo questionado na justiça.

A notificação, feita no dia 28 e recebida na quarta-feira às 15h30, é o episódio mais recente de uma disputa envolvendo o imóvel. Há até abertura de processo administrativo disciplinar do oficial de registro do 2º Serviço de Registro de Imóveis de Maringá e do Serviço Distrital de Ivailândia, da comarca de Engenheiro Beltrão, com a finalidade de apurar suposta prática de ato registral. A primeira notícia do imbroglio é de março de 2020, no jornal Maringá News.

Desta vez, o suposto vendedor do terreno notifica o comprador, Francisco Feio Ribeiro Filho, por estar inadimplente com as parcelas acordadas (a Pneumar requereu processo de recuperação judicial no final do ano passado). Os débitos somariam R$ 5.229.875,64 (atualizados com juros moratórios legais), valor a três parcelas que deveriam ter sido pagas em março de 2019 (R$ 1.550.809,34), março de 2020 (R$ 1.077.315,70) e março de 2021 (R$ 824.341,41). O notificante, através de seu representante legal, alega ainda que não foi cumprida a obrigação que o comprador arcaria com os tributos do imóvel, dando-se prazo de 72 horas para a quitação dos mesmos.

Os dois últimos parágrafos da notificação são: “Ainda, fique ciente de que este notificante adotará apartir desta, medidas necessárias para preservação dos direitos inerente ao domínio e posse do referido imóvel, em face da inercia da empresa Ribeiro S/A. Não obstante, fica desde já Vossa Senhoria ciente em informar o seu sócio oculto e interessado Ricardo José Magalhães Barros, inscrito no RG de n’ XXX.XXX-XX SSP/PR e CPF de n’ XXX.XXX.XXX-XX, com escritório político em Av. Prudente de Morais, n’ 740, Maringá — PR, tendo em vista o mesmo ter participado e articulado todos os termos da transação, sendo também responsável.” Os documentos foram postados em grupo de mensagens do SindusCon-Nor, por engano, por um funcionário do escritório político do deputado federal Ricardo Barros. O líder de Bolsonaro foi indiciado pela CPI da Pandemia, admitiu ser amigo de Francisco Feio, pai do então dono da Belcher Farmacêutica, que estava importando uma vacina chinesa contra a covid-19, e o site TIB descobriu que Barros morou 14 anos num apartamento de propriedade de Ribeiro. O blog tentou contato com as partes envolvidas e não obteve resposta.