Ela vive presente no imaginário e no folclore brasileiros, mas na realidade a onça-pintada (Panthera onca), o maior felino das Américas e o terceiro do mundo, está criticamente ameaçada de extinção por já ter perdido 85% de seu habitat e corre sério risco de desaparecer na Mata Atlântica, onde estima-se que vivam cerca de 250 indivíduos.
O Paraná abriga o maior contingente de onças-pintadas do país, segundo estimativa do Projeto Onças do Iguaçu, com uma população estimada em 28 animais espalhados pelos 185 mil hectares do Parque Nacional do Iguaçu (PNI), na Região da Tríplice Fronteira, com Paraguai e Argentina.
Para debater a importância de se estabelecer políticas públicas de preservação da onça-pintada e de seu habitat a Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Paraná realizará a audiência pública Grandes Felinos do Paraná, na segunda-feira (29), data que se comemora o Dia Nacional da Onça-Pintada, a partir das 9 horas, com transmissão ao vivo pela TV Assembleia, site e redes sociais do Legislativo.
“Vamos conversar nesta audiência pública sobre políticas públicas pela conservação dessa espécie e a necessidade da criação de um Programa Estadual para a Conservação dos Grandes Felinos do Paraná. Participarão do debate representantes de universidades, forças de fiscalização ambiental, ONGs e membros do poder público”, informou o deputado Goura (PDT), presidente da Comissão de Meio Ambiente.
O deputado disse que são necessárias ações concretas e urgentes para recuperar a Mata Atlântica e salvar a onça-pintada. “Essa espécie de grande felino foi quase dizimada nos anos 90. Foi com muito esforço e dedicação dos conservacionistas, ambientalistas e muita gente, como os moradores lindeiros ao PNI, por exemplo, que estamos conseguindo preservar e até mesmo ver a população de onças aumentar”.
Programa de conservação
“Por isso essa audiência pública vai debater a implementação de políticas públicas de proteção e conservação das espécies e as atribuições de cada esfera do Estado. O objetivo é construir diretrizes do Programa Estadual para a Conservação dos Grandes Felinos do Paraná, com estratégias de curto, médio e longo prazo”, explicou Goura.
A presença da onça-pintada na região do Parque Nacional do Iguaçu e na Serra do Mar, na Grande Reserva da Mata Atlântica, entre os estados de São Paulo e Paraná, significa, informou Goura, que essas regiões apresentam condições saudáveis, permitindo não só a sobrevivência da espécie na área, mas também a reprodução.
“Os pesquisadores explicam que por ser um animal do topo da cadeia alimentar, a onça-pintada tem um papel essencial no equilíbrio dos ecossistemas. E que a sua extinção traria efeitos devastadores na biodiversidade da fauna e até mesmo da flora, com consequências imprevisíveis para todos nós”.
Programação
Participam da audiência o biólogo Roberto Fusco, que trabalha no Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar de Monitoramento e Conservação; o tenente coronel Júlio César Vieira Da Rosa, comandante do Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde da PM-PR; Angela Kuczach, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e do Instituto Manacá, onde integra a equipe coordenadora do “Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar de Monitoramento e Conservação.
Também participam a bióloga Yara de Melo Barros, coordenadora executiva do Projeto Onças do Iguaçu; a médica veterinária Rose Gasparini Mora, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros/CENAP; Fernando Tortatto, da ONG Panthera; o biólogo Leonel Carlos Anderman.
Além da coordenadora de Gestão de Recursos Naturais e Educação Ambiental da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) Fernanda Góss Braga; do diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Clovis Borges; da bióloga Marion Letícia Bartolamei Silva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e da estudante e militante socioambiental Clara Marés.
Características da onça-pintada
A onça-pintada era encontrada desde o sudoeste dos Estados Unidos até o centro-sul da Argentina e Uruguai e vivia em diversos habitats, de florestas aos semiáridos. Hoje é considerada extinta nos EUA e muito rara na América Central. Está seriamente ameaçada na América do Sul. No Brasil, ela originalmente ocupava todos os biomas.
As onças podem ser ativas durante o dia e à noite e geralmente evitam locais com atividades humanas, mas têm hábitos solitários. Se alimentam de animais de médio e grande porte, como anta, porco-do-mato, veado, tamanduá, capivara, jacaré e quati. Elas podem viver entre 12 e 15 anos em média quando livres e pesam entre 60 e 100 quilos. Machos e fêmeas só se encontram para reproduzir e têm em média dois filhotes.