Marisa Valério, desvenda a alma da jornalista Bia Moraes que estreou no mundo dos contos com o livro “Histórias de Gente Errada”, resultado de sua incansável curiosidade sobre as pessoas e seus estranhos caminhos. A sessão de autógrafos será no dia 18, às 18h30, na Livraria Itiban, em Curitiba. Repórter e editora em diferentes redações de jornais por 30 anos, ela própria enveredou por uma trilha diferente, após ter um acidente vascular cerebral, aos 52 anos. Nos últimos dois anos, fez cursos on-line e assumiu a porção escritora que a rondava.
Mas por que “Gente Errada”? Porque, diz ela, sempre se sentiu atraída “por tudo que é errado, escondido, misterioso”. Os 44 contos reunidos em seu livro de estréia pela Kotter Editorial habitam o universo do surreal e do sobrenatural. “É como eu vejo as pessoas. Além disso, eu mesma sou uma pessoa oblíqua. Torta, esquisita, nunca em linha reta”, diz Bia, que aprendeu a esgrimir textos em reportagens, inclusive na crônica policial, e em perfis – construídos a partir de uma enorme capacidade de arrancar histórias inesperadas dos entrevistados.
Diante das limitações físicas trazidas pelo AVC, deixou o jornalismo diário para revelar a escritora que sempre esteve presente. Enquanto narrava sua experiência pós-AVC nas redes sociais, passou a trabalhar contos provocantes. “Achar personagens fascinantes, daqueles que poucos jornalistas acham, era o mínimo que ela fazia. Soube interpretar como ninguém a realidade, seja de dentro de uma delegacia ou de uma butique de madame”, relembra Guto Barra, diretor de cinema e documentarista, que a conheceu em 1988.
“Dava para ver que dentro daquela mente adoravelmente perturbada tinha muito mais do que talento jornalístico: Bia é uma contadora de histórias daquelas que você lê e diz: que tipo de pessoa pensa numa coisa dessas?”, acrescenta, dando pistas sobre a natureza de “Histórias de Gente Errada”, que passa longe de qualquer restrição politicamente correta.
Grande Bia, sempre foi meio errada mesmo. Grande parceria de redação, produzi muitos materiais gráficos tendo seus textos “exóticos”. Lembro-me até hoje da reportagem sobre as casas de swing de Curitiba, um escândalo para a época, para uma sociedade de enrustidos!