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domingo, dezembro 22, 2024
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Demarchi e Souza discutem a gordura da linguagem na poesia no Às vezes, aos domingos

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A décima sétima edição de “Às vezes, aos domingos” tem como convidados Ademir Demarchi e Marco Aurélio de Souza. O encontro acontece em 26 de setembro, a partir das 17 horas, no Instagram @lobisomemdpg. Sem mediador, eles vão se entrevistar e ler poemas.

Paranaense de Rio Negro radicado desde 2008 em Ponta Grossa, Marco Aurélio de Souza, 32 anos, espera um bate-papo de alta voltagem com Ademir Demarchi.

“Mas também divertidíssimo, pois encontro de poetas sem diversão é algo maçante”, comenta Souza, autor de 8 livros, entre os quais Ilusão (Kotter, poemas, 2021) e Desarranjo (Penalux, romance, 2020).

Maringaense radicado há 31 anos em Santos, Ademir Demarchi, 61 anos, também tem expectativa de que o bate-papo resulte em uma conversa divertida.

“Nos conhecemos, já nos vimos algumas vezes e estamos constantemente trocando entre nós o que publicamos, numa forma de diálogo produtivo e estimulante”, diz Demarchi, autor de 10 livros de poemas, entre os quais Cemitério da Filosofia (Kotter, 2020) e Louvores gozosos – Iluminações profanas com performance de destruição de dispositivos ideológicos (Olaria Cartonera/Sereia Ca(n)tadora, 2020).

Pontos de contato

Marco Aurélio de Souza afirma que a poesia do Ademir Demarchi o oxigena criticamente por combater clichês contemporâneos.

“Sua cruzada contra o lirismo ingênuo ou diabético, contra o narcisismo do ‘eu = eu mesmo’, sua visão irônica que abomina a gordura da linguagem, buscando roer os ossos para encontrar o tutano. Trata-se de uma produção que nos expande a consciência crítica, algo fundamental para quem quer acabar com a acne do seu fazer literário”, comenta Souza.

Ademir Demarchi diz ter identificação com o Marco Aurélio de Souza pelo fato de a produção de ambos, segundo Demarchi, ter pontos de contato e semelhança.

“Gosto muito do seu senso de humor, sua inquietação constante, que resulta em vários livros publicados e até na criação de um selo editorial cartonero, a Olaria, que surgiu depois de uma apresentação que fiz na UEPG. Essa editora resultou na realização de vários saraus e na criação de uma coleção de autores paranaenses com o sugestivo nome da rodovia que interliga a capital com o Norte do Estado”, comenta Demarchi.

Ainda de acordo com Demarchi, Marco Aurélio de Souza (que escreve poesia, crítica, conto e romance) é um experimentador e seus escritos são impregnados dessa inquietação somada à insatisfação com o que está estabelecido.

“Acho respeitável o interesse que ele tem pelas culturas locais ou regionais do Paraná, o modo como lê a contrapelo os escritores paranaenses, como Leminski, o jornal Nicolau [tema de sua tese de doutorado] e, agora, a poesia do Emiliano Perneta, publicando um livro de mesmo título [Ilusão] e reescrevendo aquele poeta”, analisa Demarchi.

Ilusão (2021) surgiu de uma visita Marco Aurélio de Souza e sua família fizeram ao Passeio Público, em Curitiba. “Eu e minha filha fomos à ‘Ilha da ilusão’ tirar uma foto com o busto do Emiliano Perneta (1866-1921) e acabamos topando com uma coleção de objetos impróprios para menores”, conta.

Souza diz ter ficado com a imagem da belle époque literária curitibana servindo de palco para a decadência urbana contemporânea, e a sua intenção era escrever um poema sobre isso. Ele decidiu parafrasear um poema do Perneta e gostou tanto do exercício que acabou mergulhando na legado pernetiano com interesse renovado.

“Encontrei ali uma potência menosprezada, ignorada pelo meio literário de hoje, e dessa conjunção de fatores (a belle époque decadente, o ‘resgate’ de Emiliano Perneta) nasceu a minha releitura de Ilusão (1911), a obra mais icônica do poeta simbolista”, explica Souza.     

Visibilidade virtual

Algumas dezenas de autoras e autores paranaenses, como Luiz Felipe Leprevost, Francine Cruz, Roberto Nicolato, Andréia Carvalho Gavita, Otto Leopoldo Winck, Salma Ferraz, Carlos Machado, Etel Frota e Alvaro Posselt, já participaram de “Às vezes, aos domingos”, que teve a sua primeira edição em julho de 2020.

Idealizado por Guido Viaro e Marcio Renato dos Santos, o projeto tem a finalidade de promover o encontro, mesmo que virtual, entre escritores e escritoras do Paraná e o público (em tese, de qualquer endereço) durante a pandemia.

Soma de Ideias, Coalhada Artesanal Preciosa e Tulipas Negras apoiam a iniciativa. Mais informações em tulipasnegraseditora.blogspot.com

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