Salma Ferraz e Daiana Pasquim são as convidadas da décima terceira edição de “Às vezes, aos domingos”. O evento acontece em 30 de maio, a partir das 17 horas, no Instagram @daianapasquim. Seguindo o modelo da proposta criada por Guido Viaro e Marcio Renato dos Santos, as escritoras vão se entrevistar e ler textos autorais.
As duas escritoras se conhecem há mais de uma década. Em 2012, Daiana, então estudante de Letras na Universidade Federal de Santa Catarina, entrevistou Salma, uma das professoras do curso, para produzir o texto “Ela é o livro”. Desde então, elas mantêm diálogo constante.
Paranaense de Mandaguari, radicada desde 2000 em Pato Branco, no Sudoeste do Estado, Daiana aguarda com não pouca ansiedade pelo momento de conversar com Salma no projeto “Às vezes, aos domingos”: “Tenho muita expectativa quanto ao olhar que a escritora-professora vai lançar para a aluna-escritora”.
Paranaense de Ibaiti radicada em Urubici, na região serrana de Santa Catarina, Salma Ferraz tem impressão de que a live tem tudo para ser inesquecível: “Vai ser de escritora para escritora, de mulher para mulher, de amiga para a amiga”.
Projetos literários
Professora aposentada da UFSC, Salma é autora de 30 livros, 6 deles de ficção (O ateu ambulante é um dos mais conhecidos) – os outros são sobre crítica literária, com destaque para o Dicionário de personagens da obra de José Saramago.
“Durante o percurso acadêmico, trabalhei com a teopoética. Fiz análises da Bíblia do ponto de vista literário para investigar, e entender, como personagens, entre os quais Maria Madalena, Jesus e o diabo, saíram do contexto teológico e moldaram a ideia do ocidente”, explica a intelectual que idealizou a Flineve (Festa Literária da Neve), em Urubici, que teve a sua primeira edição em 2016.
Jornalista e mestre em Letras, Daiana – em parceria com Lucas Piaceski – colocou no ar, em 3 de março do ano 2020, a primeira edição de Leitura de Ouvido. “Já são mais de mil horas de áudio dramas com sonorização cinematográfica”, conta Daiana.
Na definição de Daiana, Leitura de Ouvido é o podcast que transforma linhas de obras literárias, de autores de todo o mundo, em ondas sonoras.
Salma Ferraz afirma que mesmo uma pessoa sem conhecimento literário pode, por meio do projeto Leitura de Ouvido, ter acesso à literatura.
“Inclusive, a proposta viabiliza acesso [literário] a quem tem limitação visual”, diz Salma, que teve o seu conto “A ceia dos mortos” transformado em conteúdo sonoro no projeto da Daiana Pasquim (narradora) e do Lucas Piaceski (produtor).
“Bancado do nosso próprio bolso desde a criação, inserimos o projeto no financiamento coletivo”, informa Daiana, indicando o link em que os interessados podem contribuir para a ampliação do projeto: https://www.apoia.se/leituradeouvido
“Um filme tem a sua magia, mas traz o conteúdo pronto. O teatro também. Já você ouvir a narrativa te faz ver as coisas e viajar”, comenta Salma, ressaltando que sentiu um grande impacto quando escutou o seu conto “A ceia dos mortos”. “Quero ouvir outros conteúdos. Esse projeto [Leitura de Ouvido] é maravilhoso”, acrescenta.
Percursos escritos
Daiana Pasquim conta que a sua primeira memória de escrita é o diário de adolescente, “onde estão todos os sentimentos”. A graduação em jornalismo, em 2004, talvez tenha sido a passagem da adolescência para a vida adulta – transição marcada por textos, tanto verbais (“eu atuava em rádio e televisão”) quanto escritos (“colaborava com revistas e, em 2005, fui admitida no jornal Diário do Sudoeste, onde atuei por oito anos até sair para me dedicar à minha própria empresa, a https://www.instagram.com/rockastudios/. Seja em redação ou como assessora de comunicação, escrevi minha vida toda, diariamente, publicando várias histórias das quais me orgulho, seja no formato de reportagens ou de entrevistas”).
Salma Ferraz analisa que a escrita literária é o seu divã e também as suas memórias: “Uma tentativa de responder a essa grande pergunta, de onde viemos?, para onde vamos?”. Ela acredita que mesmo se não houvesse leitores, os escritores seriam capazes de continuar escrevendo. “Como aquele sujeito que envia uma mensagem dentro de uma garrafa jogada no oceano sabendo que a garrafa voltaria para ele mesmo”, completa Salma.
Daiana conta que, como escritora, desde muito mantém manuscritos guardados. De 2020 para cá, passou a publicar ensaios, contos e poemas – assunto que pode vir a ser comentado na décima terceira edição de “Às vezes, aos domingos”.
Se a Daiana pergunta, a Salma pode vir a comentar o motivo de, em 2021, ter tirado um ano sabático, mas, para o Blog do Tupan, ela adianta que o fato tem relação com o desencanto com o ser humano e, especificamente no caso do Brasil, com a política. Quer ser saber mais? Então, acompanhe a live em 30 de maio.
Palco virtual para a prosa e a poesia do Paraná
Oscar Nakasato, Jaqueline Conte, Paulo Venturelli, Andréia Carvalho Gavita, Carlos Machado, Eliege Pepler, Luiz Felipe Leprevost, Etel Frota, Alvaro Posselt, Francine Cruz e Alexandre Gaioto são alguns dos autores que participaram de “Às vezes, aos domingos”.
Soma de Ideias, Tulipas Negras e Coalhada Artesanal Preciosa são as empresas apoiadoras da iniciativa, de Guido Viaro e Marcio Renato dos Santos, que tem a finalidade de promover palco virtual para autores paranaenses durante a pandemia.
Mais informações no Instagram @somadeideias e em tulipasnegraseditora.blogspot.com