Uma obra de 22 quilômetros que se arrasta por 14 anos e a gestão de quatro prefeitos. Os problemas das obras da Linha Verde, importante via que liga Curitiba de Norte a Sul, vão de atrasos no cronograma, falta de segurança e sinalização, além de obras pendentes. Em audiência pública remota realizada pela Assembleia Legislativa do Paraná nesta terça-feira (27), os deputados Goura (PDT) e Galo (PODE), propositores da discussão, não descartaram a possibilidade de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os constantes problemas nas obras da via.
Os parlamentares cobraram a participação de um representante da Prefeitura de Curitiba na audiência, com o objetivo de explicar a posição da administração municipal sobre o assunto. No entanto, ninguém apareceu. De acordo com os parlamentares, os pontos debatidos durante o encontro serão encaminhados para a Prefeitura e para o Governo do Estado. Os deputados pediram ainda celeridade no cumprimento do cronograma das obras. Já moradores lamentam o caos que as obras causam na região.
“Vamos cobrar da Prefeitura um cronograma de obras e quais são as intervenções pendentes. Também vamos pedir mais segurança, além da sinalização viária temporária. A conclusão das obras da Linha Verde, com transparência e qualidade, é urgente. São 22 bairros e 300 mil pessoas vivendo às margens da via. Os impactos são muito grandes”, avaliou o deputado Goura.
O deputado Galo afirmou que há uma falta de planejamento para a conclusão dos trabalhos. “Quero me ater ao trevo do Atuba. Não há um planejamento para o trânsito naquela região. É um desrespeito com quem trafega. Sempre ficamos travados. É uma obra que não tem planejamento, uma colcha de retalhos. A impressão que dá é de que o dinheiro não foi usado na Linha Verde”, disse o parlamentar. Segundo a Prefeitura de Curitiba, os investimentos totais na obra chegam a R$ 485,9 milhões. No valor estão as despesas já realizadas, em andamento e as programadas.
Debate – A audiência pública sobre a Linha Verde envolveu moradores afetados, prefeitos da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), vereadores e representantes de entidades de classe. O prefeito Bihl Zanetti, de Campina Grande do Sul, explicou que as intervenções de infraestrutura têm um reflexo importante na Região Metropolitana Norte. “Por mais que vejamos os esforços dos responsáveis, temos uma preocupação com o ritmo de trabalho. A obra afeta a geração de empregos, como, por exemplo, do trabalhador que depende do transporte coletivo e passa pela região”, comentou. O vereador de Curitiba, Mauro Bobato (PODE), lembrou que a Linha Verde é um legado com vários problemas. “O Trevo do Atuba nos preocupa. Nossa função é cobrar e fazer sugestões para a Prefeitura. É necessário acelerar as obras”, disse.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR), Milton Zanelatto, avaliou que os problemas na Linha Verde se arrastam desde o início do projeto. “Uma das grandes lições deste tipo de obra é que o concurso de projeto é melhor. Dessa forma, há um planejamento muito maior. O concurso permite um planejamento para que tudo não se transforme nesta colcha de retalhos. Foi um erro de quando se iniciou o processo”, afirmou. Já o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR), Ricardo Rocha de Oliveira, explicou que há uma relação direta entre a demora das obras e o aumento de custos. Ele reafirmou a necessidade das intervenções serem realizadas com a maior celeridade e o menor transtorno possível para a população.
O coordenador de fiscalização do Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR), Elizandro Brollo, explicou que o atraso é uma característica de obras públicas no País, mas que o órgão está acompanhando o desenvolvimento da Linha Verde. “Estamos atentos e temos realizado uma série de auditorias nas obras, que são muito complexas e com um impacto na vida de toda a população”.
Moradores – César Kayser é morador da região e relatou que a situação vivida pelos habitantes é caótica. “Não temos calçamento, as máquinas ficam paradas na frente das casas. Por causa das obras, não conseguimos transitar sem o asfalto. Pedimos atenção com os moradores e com o comércio da região, que está sendo muito afetado“, disse. Também vivendo na região, Renata Kuss é síndica de um condomínio nas imediações do Trevo do Atuba. “Quando finalizada, a obra será de grande valia, mas ela parece que não tem fim”, queixou-se.
Histórico – A maior obra da história de Curitiba, a Linha Verde atravessa a cidade de Norte a Sul e tornou urbano o trecho da rodovia BR-116 que corta a Capital. Atualmente as obras foram retomadas e estão concentradas no eixo Norte da via, no Trevo do Atuba. Segundo a prefeitura, as obras devem ser concluídas até o início de 2022. (Alep)
Linha-Verde, a obra mais burra de uma cidade que se acha hintelijenti, quá quá quá!!
O que estão esperando??? Vão fazer a CPI quando a Linha Verde completar 20 anos de obra??? Deputados, ‘que velocidade’….
E o Francischini vai ajudar? Se não tem nada de errado com a Linha Verde não há problemas em fazer a CPI