O articulista político Aroldo Murá conta que um grupo de pastores, representando pequenas denominações neopentecostais, manifestou nesta terça-feira à Coluna sua preocupação com a contratação de um “motivador” pelo prefeito Rafael Greca de Macedo (DEM).
“Não estamos preocupados apenas com o alto salário num país de desempregados e pelo menos 45 milhões de famintos. Nos preocupado é a ênfase religiosa do senhor Alexandre Baer”, reclama o pastor RTG, do movimento “Cristo Agora”, atuante na Região Metropolitana de Curitiba.
Para o ministro evangélico, se a Prefeitura precisa mesmo de “um motivador, que utilize aquele que tem o aval do voto e já é muito bem pago pelo tesouro público, e com mordomias enormes, o prefeito Rafael Greca”.
Amigo do prefeito Greca de Macedo, o arcebispo Peruzzo não foi procurado pela coluna. No entanto, sob condição de anonimato, o padre XY, professor do Studium Theologicum de Curitiba (onde se formam padres), firmou clara posição que, acha, deve também ser de outros padres:
– Num momento altamente complicado para a vida nacional, com falta de vacina, quase 3 centenas de milhares de mortes pela COVID, alardear capacidade de ‘iluminar caminho para desenvolvimento, crescimento e aumento de renda,” não é o que se espera de um servidor público. Ou o moço é um cientista, ou um religioso. Se for religioso, a coisa é outra. Neste caso, especialmente porque Baer promete que vai operar transformações aumentando a renda de seu público, a coisa complica. De quem cobrar a conta de frustrações? Da Prefeitura ou do Senhor dos Exércitos, se admitida a autoridade ‘religiosa’ de Baer?
E completa o teólogo e exegeta católico, com curso no instituto Bíblico de Jerusalém: “Entendo a preocupação dos pastores desse movimento neopentecostal. Acho que até pastores de grandes denominações estão preocupados com esta investida da Prefeitura no mundo do “milagre”. Ou da autoajuda? O eleitor que decida quem tem razão.
PÁTIO DE MILAGRES
Na Câmara Municipal de Curitiba, onde o comando da Prefeitura é absoluto, pouca repercussão teve entre os vereadores a contratação do “motivador”. Dois oposicionistas conhecidos por posições bem fundamentadas, disseram à Coluna que vão examinar o assunto, “preocupante, pois só faltava isso: termos sob o comando de Baer um pátio de milagres na Prefeitura”.