Jamur e Puppi estão em confronto em embate nada discreto

O colunista político Aroldo Muura conta que quando não é chamada para atender o gabinete, Dona Matilde da Luz costuma ler o Diário Oficial do Município. É lá que ela descobre o vai-e-vem das nomeações e dos ajustes políticos. “Conforme o tempo passa, dá para ver as abóboras se ajeitando”, garante ela.

Nos últimos 15 dias, ela tem acompanhando a dança das cadeiras, cujo bastidor é repleto de pugilato, rasteiras e embates ocultos.

JAMUR VERSUS PUPPI  

Um dos confrontos mais emocionantes  é entre o secretário do Governo, Luiz Fernando Jamur e o secretário Vitor Acir Puppi Stanislawczuk, que comanda a Secretaria Municipal Planejamento, Finanças e Orçamento. Mesmo sendo renomeado ao cargo, somente no dia 15 de janeiro, o jovem secretário invadiu o território de Jamur, tomando para si o comando do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba, o IPMC.

O “brilhante de Berkeley”, apelido de Puppi (criado por Giovani Gionédis), nomeou o seu braço direito Breno Pascualote Lemos para o comando do IPMC. A manobra incluiu a retirada do técnico Ary Gil Merchel Piovesan, da presidência do IPMC e também a transferência de Ary para Finanças.

BURACO DE R$ 600 MILHÕES

A mudança é vista como estratégica. Foi usando o IPMC, que Puppi salvou a Prefeitura do buraco no começo da primeira gestão de Rafael Greca, quando retirou de uma só tacada R$ 600 milhões do fundo de aposentadoria dos servidores para cobrir rombos deixados pela gestão anterior a Greca.

A medida resultou em briga campal entre servidores e a Polícia e Guarda e o desgaste da base na Câmara Municipal de Curitiba.

A turma das Finanças afirma que já retornou os R$ 600 milhões para o fundo de aposentadoria. Mas há questionamentos dos sindicatos dos servidores, que alegam que Greca criou um rombo na previdências dos servidores.

Com o presidente do IPMC alinhado com Puppi, o receio é que de novo a turma da Finanças queira pôr a mão nos fundos previdenciários para fechar contas e rombos que surjam na segunda gestão de Greca.

NAUIACK,  ESPERANÇA

Uma das mexidas importantes e discretas é a ida de Paulo Cesar Nauiack, braço forte do vice-prefeito, Eduardo Pimentel, à Superintendência do Instituto Municipal do Turismo. No primeiro mandato, Pimentel sofreu e não pode nomear ninguém de sua equipe. Agora, num gesto discreto e bem estratégico, pôs o competente Paulo Nauiack na gestão do Instituto.

Com fácil trânsito e benquisto por empresários e pela sociedade civil, Nauiack pode fazer transformação que o setor de turismo vem pedindo nos últimos quatro anos. Caberá ele definir o segmento turístico, além do turismo de negócio, que Curitiba quer se tornar.

UM “CHEGA PRA LÁ”

A ida de Nauiack é simbólica, pois o Instituto Municipal de Turismo sempre teve o dedo do líder do governo, o vereador Pier Petruziello, que indicou diversas pessoas ao cargo. Naiuack fortalece a base de Pimentel e anula a interferência de Pier, que na última eleição de 2020 tentou derrubar Pimentel da chapa de Greca.

Greca também está atendendo alguns compromissos políticos. Nomeou o ex-vereador Bruno Eduardo Fischer Pessuti, que não conseguiu se reeleger. Ele e mais Ricardo Gil, ex-braço direito  de Michelle Caputo, agora batem ponto na Secretaria do Governo Municipal, vinculadas ao Luiz Fernando Jamur. Bruno ganhará salário de secretário. Ricardo Gil terá salário de superintendente, bem como Cristiano Hotz, advogado de campanha Greca, de Beto Richa, de Luciano Ducci, entre outros políticos.