A primeira edição de 2021 do jornal Cândido, editado pela Biblioteca Pública do Paraná, destaca a faceta poética da obra do filósofo e escritor alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Com ponto de partida na antologia À Melancolia, lançada em 2020 pela editora Spleen (com tradução do curitibano Wagner Schadeck), o ensaio assinado por João Lucas Dusi mostra como os poemas do autor dialogam com sua filosofia e trajetória pessoal. “Enquanto a filosofia de Nietzsche foi esculpida a marteladas e cuspiu bílis para todos os lados, afrontando desde o dualismo de Platão até o pessimismo de Schopenhauer, seus versos não parecem seguir a mesma linha explosiva, por mais que, guardadas as proporções, conversem com sua visão de mundo”, afirma.
O Cândido 114 também traz uma reportagem do jornalista Luiz Rebinski sobre a publicação da obra ficcional de Fiódor Dostoiévski (1821-1881) no Brasil. Em um processo que levou 20 anos, a Editora 34 finalmente concluiu, no final de 2020, a edição dos 23 livros do autor russo, com traduções realizadas diretamente do idioma original para o português. Um projeto que “mudou o panorama da recepção da literatura russa no Brasil”, segundo o tradutor e crítico literário Paulo Bezerra, ouvido pelo repórter.
Outros destaques do Cândido de janeiro: transcrições de duas lives transmitidas durante a 4ª Festa Literária da Biblioteca Pública do Paraná (Flibi) — Admirável País Novo (com Ignácio de Loyola Brandão, Luisa Geisler e Joca Reiners Terron) e Nação e Raça (com Ferréz e Paulo Scott) — e mais uma série de textos dos vencedores do Prêmio Biblioteca Digital, promovido pela BPP (Rodrigo de Jesus, Alexandre Gaioto, Eduardo Coletto Furlan e Lindomar da Silva). A arte da capa é de Beatriz Cajé.
Em razão do fechamento temporário da Biblioteca Pública do Paraná (que segue a orientação do Governo do Estado para o enfrentamento ao coronavírus), a distribuição de exemplares impressos do Cândido está suspensa até o retorno das atividades da instituição. O jornal pode ser lido aqui.