O Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná, completou dez anos de reabertura e 66 de história. Ele é o ponto mais imponente do Centro Cívico e marco simbólico da modernização econômica e cultural do Estado, além da sua emancipação.
O prédio também é casa de um acervo de cerca de 500 quadros e esculturas, além de porcelanas, móveis e tapeçarias que retratam a formação dessa terra, e palco das decisões administrativas que impactam a vida de 11,5 milhões de paranaenses.
O edifício foi inaugurado em 1954 pelo governador Bento Munhoz da Rocha Neto como parte das comemorações do centenário da emancipação política do Paraná e está no ponto mais alto do primeiro Centro Cívico criado no Brasil.
A região reúne, atualmente, a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça, o Tribunal do Júri, o Palácio das Araucárias, o Tribunal de Contas e a Prefeitura de Curitiba. No centro está o gramado e as árvores da Praça Nossa Senhora Salette.
O Palácio é obra do engenheiro e arquiteto paranaense David Xavier de Azambuja e tem 15.191 metros quadrados de raízes modernistas. Ele foi projetado originalmente para ser a residência oficial do governador, mas abriga a estrutura administrativa da Governadoria, Vice-Governadoria, Casa Civil, Casa Militar e Secretaria da Comunicação Social e da Cultura. A decoração original é de Júlio de Almeida Senna.
O prédio começou a ser erguido em 1951 e foi aberto pelo então presidente João Café Filho no dia 19 de dezembro de 1954, durante os festejos da emancipação. Ele deve sua designação ao rio de mesmo nome que corta o Estado de Leste a Oeste e cuja nascente fica no entorno de Curitiba e a foz nas famosas cataratas, uma das sete maravilhas naturais do mundo. Em tupi-guarani, a palavra Iguaçu significa Água Grande.
O palácio foi construído no espaço da Capital desenhado estrategicamente como Centro Cívico, o primeiro bairro do Brasil criado especialmente para abrigar as principais repartições públicas. O conceito foi importado para solo paranaense pelo urbanista francês Alfred Agache, também responsável por projetos similares no Rio de Janeiro e Recife.
O prédio ficou mais de 50 anos sem passar por uma grande reforma, que aconteceu entre 2007 e 2010 – a reinauguração ocorreu em 19 de dezembro de 2010. As obras envolveram as partes estrutural, hidráulica e elétrica, impermeabilização, esquadrias e vidros e o entorno do edifício, dando vitaliciedade ao prédio que marca a história do Estado. Foram construídas uma nova Vice-Governadoria, mais copas, cozinhas e banheiros.
POR DENTRO – O primeiro ambiente para um visitante é o Salão Monumental. O espaço costuma ser utilizado para grandes solenidades e exposições. Com pé direito da altura de dois andares, o ambiente tem piso xadrez de mármore e uma grande escada de 56 degraus em caracol, que dá acesso ao piso superior.
Um enorme painel de arenito decora uma das paredes do salão. Esculpido em baixo relevo pelo artista plástico Humberto Cozzo em 1953, o mural representa os diversos ciclos econômicos da história do Paraná. É decorado por bustos de Dom Pedro I, Barão do Rio Branco e de Getúlio Vargas. Ainda no térreo, à direita do hall de entrada, está instalada a Capela Nossa Senhora do Rocio.
No segundo está o Salão Nobre, destinado aos atos mais solenes e recepções para embaixadores e chefes de Estado. Decorado com mobiliário clássico francês, abriga uma coleção de objetos de arte com diversas procedências, entre os quais um grandioso jogo de porcelanas, lustres, espelhos e uma tapeçaria em Gobelin, datada de 1650, que representa o cônsul romano Décio se preparando para a guerra.
No espaço central desse salão está instalado um painel em óleo sobre tela que representa a instalação da Província do Paraná. O quadro foi pintado pelo artista plástico paranaense Theodoro De Bona, nascido em Morretes e discípulo de outro expoente da arte no Paraná, Alfredo Andersen. Nele reside uma figura que fixa o olhar no espectador em qualquer local da visão, à esquerda, à direita ou ao centro.
“Não é um registro fiel, mas é muito próximo disso. É uma obra baseada no quadro da Constituição dos Estados Unidos da América de Howard Chandler Christy. A composição da tela é circular, ou seja, o olhar se movimenta pela tela para que todos os movimentos sejam percebidos”, afirma Gika Greca, responsável pelas visitações ao Iguaçu antes da pandemia. “Os historiadores afirmam que as pessoas retratadas na tela são semelhantes aos secretários de Estado de época e a amigos do artista”.
O segundo andar, idealizado para cerimônias oficiais e reuniões estratégicas, também abriga o Salão dos Governadores, o Salão de Inverno, o Salão de Atos, o Petit Comitê e o Gabinete de Gestão e Informações (GGI), com tecnologia em vídeo para reuniões a distância.
O Salão dos Governadores tem uma mesa oval, um imponente lustre de cristal e os retratos, pintados a óleo, de todos os chefes do Poder Executivo que tomaram posse no Paraná. Os quadros estão instalados em ordem cronológica, desde a Proclamação da República. Precedendo o espaço há um desenho da rosa dos ventos no piso.
O Salão de Inverno, na outra ponta do segundo andar, é uma sala ampla projetada para receber recitais, reuniões informais e eventos. Há nele, inclusive, um piano. As paredes exibem painéis que reproduzem as gravuras do Brasil Colonial criadas por Johann Moritz Rugendas, desenhista alemão que visitou o País em 1821.
Outro destaque é uma grande pintura em óleo sobre tela do pintor paranaense Artur Nisio. A obra retrata a chegada do primeiro presidente da Província do Paraná, Zacarias de Goes e Vasconcelos, a Curitiba em 1853. Ela foi encomendada pelo ex-governador Bento Munhoz da Rocha Neto e passou por um processo de restauração em 1914.
Nessa mesma ponta do segundo andar estão o Salão de Atos e o Petit Comitê. A decoração conta com uma obra de Poty Lazzarotto (“Homem na Lavoura”, entalhado em madeira); o quadro “Lenda do Rio Iguaçu”, de 1920, do artista brasileiro Antônio Parreiras, considerado um dos grandes paisagistas do mundo; e uma tapeçaria da curitibana Ida Hannemann de Campos. Há, ainda, uma obra da artista portuguesa Concessa Colaço, “Sol do meu Sol”, mas ela passa por um processo de restauro.
No terceiro e no quarto andares estão as áreas administrativas do Governo do Estado, mas nos corredores também há obras de Theodoro De Bona, Fernando Calderari e Miguel Bakun.
FRENTE E VERSO – Na esplanada frontal ao prédio, dominada pela fachada em vidros e com dois balcões externos, destacam-se as bandeiras cívicas do Brasil e do Paraná e a escadaria do estacionamento, além do espelho d’água.
Ainda na frente, à esquerda, há um mural do artista plástico Napoleon Potiguara Lazzarotto, o Poty, denominado “Paraná”, medindo 6,50 metros x 17,30 metros. Ele registrou as origens do Estado e diversos momentos da sua história, além das perspectivas do seu desenvolvimento político, social e econômico.
Nos jardins interiores encontra-se esculpido o mapa do Paraná feito pelo artista Miguel Roger em alto relevo, onde podem ser observados, em escala cartográfica, os três planaltos do relevo estadual, a Serra do Mar e o Litoral. Abra também está passando por um processo de revitalização.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA – A emancipação política do Paraná marcou o desmembramento da Província de São Paulo em 19 de dezembro de 1853, dando fim a um movimento que havia começado no início daquele século. Nesse dia aconteceu a instalação solene da nova província e tomou posse o primeiro presidente, Zacarias de Góes e Vasconcellos, após a edição da Lei Imperial n° 704, de Dom Pedro II.
CASAS ANTERIORES – Antes do Palácio Iguaçu, o Governo do Estado ocupou o Palácio São Francisco (onde hoje funciona o Museu Paranaense), o Palacete Wolf, na Praça Garibaldi, e o Palácio da Liberdade (sede do Museu de Imagem e do Som), na Rua Barão do Rio Branco.