Rogério Galindo conta no Plural que se você mora em Curitiba, eu tenho uma notícia para dar: você está por conta própria. O prefeito Rafael Greca deixou claro nesta sexta-feira que a preocupação dele não é com você. Quem pegar coronavírus, pegou. Quem precisar de UTI, boa sorte. Talvez tenha, talvez não.
O decreto do prefeito passando a cidade para a bandeira laranja foi um truque de prestidigitador: Greca fingiu que tomou providências graves na esperança de que a plateia acredite. Mas na verdade liberou tudo que é importante para quem realmente manda na cidade.
- Os donos de shopping continuarão com seus negócios abertos (a regulamentação impondo o rigorosíssimo horário máximo de 8h às 22h é um toque extra de sarcasmo).
- O transporte coletivo continuará circulando com capacidade supostamente reduzida (e com aquela subvenção amiga do erário).
- A ACP poderá aproveitar o comércio de rua na época do Natal. E tanto faz se mais uns milhares de pobres coitados se contaminarem no processo.
É quase inacreditável. Não há mais leitos, a prefeitura chega a fechar seus pronto-socorros para atender mais doentes, gente que cai como moscas pela cidade – mas o prefeito se recusa a cancelar o seu show de Natal com fogos de artifício, aglomerando mil pessoas por noite de exibição.
São 13 mil pessoas espalhando o vírus – além dos assintomáticos, que não sabemos quantos são. Logo esse número chegará a um por cento da cidade. Sejamos claros: tudo indica que as pessoas irão morrer sem sequer ser atendidas nas UPAs. E essa foi uma escolha consciente da prefeitura.
O único setor realmente afetado pelo decreto “falso laranja” de Greca são os bares – e mesmo assim a dupla atividade permitirá que muitos funcionem como restaurantes.
O prefeito se omitiu. Decidiu que não quer comprar briga com os empresários, que prefere um Natal de falsa felicidade e compras, mesmo que isso signifique pessoas agonizando sem ar à espera de leitos.
O que resta fazer? Resta que cada um de nós tenha a responsabilidade que o prefeito não teve. Resta que você se cuide, que cuide de sua família, que evite sair. Resta a cada um usar máscaras, álcool gel e esperar pacientemente o que virá.
A Rafael Greca, caberá o mesmo destino que coube a Neville Chamberlain, o primeiro-ministro inglês que, tendo a oportunidade de frear o nazismo em 1938, preferiu conciliar com Hitler. Seu sucessor, Winston Churchill, escolheu o caminho mais difícil, e salvou a humanidade das trevas. Mas para isso, precisou de coragem. E isso é algo que Rafael Greca, nesta sexta-feira, mostrou que não tem.
Azar nosso ter dado mais um mandato para esse prefeito
Que decepção Greca!!!
Greca só quer saber do próximo passo político.