A pandemia do coronavírus ressaltou a importância de diversas questões no planejamento das cidades, algumas em desenvolvimento e outras que vinham ganhando relevância. Entre esses temas estão o melhor aproveitamento dos espaços públicos, a mobilidade urbana, as condições sanitárias, a habitação, os cuidados com o meio ambiente e a implantação de soluções para estimular a geração de renda.
“O planejamento urbano terá de enfrentar os desafios impostos pela pandemia. As cidades deverão ser mais solidárias, mais humanizadas, mais resilientes e, ao mesmo tempo, valorizar e usar as tecnologias com mais amplitude”, diz a arquiteta e urbanista, Maria Inês Terbeck, analista de Desenvolvimento Municipal Paranacidade, órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas.
A boa notícia para os gestores e técnicos municipais é que o Paranacidade já utiliza esses conceitos na análise dos projetos encaminhados pelas prefeituras para a obtenção de recursos do Tesouro do Estado ou de empréstimos pelo Sistema de Financiamento aos Municípios do Estado do Paraná (SFM).
“Antes mesmo da pandemia, havia a preocupação de incorporar os cuidados com o uso e a ocupação do solo urbano, o meio ambiente, em melhorar os sistemas de mobilidade, com o saneamento básico e de promover o acesso ao lazer em ambientes seguros. Agora, essas questões ficam ainda mais importantes”, explica Maria Inês
Ela afirma que o Paranacidade tem o conhecimento e a capacidade técnica para orientar as prefeituras nesses novos tempos, ou nova visão de cidade, seja por meio da revisão dos seus Planos Diretores Municipais (PDM), Planos de Mobilidade Urbana (PMU), análise de projetos ou para a redefinição de prioridades.
MOBILIDADE – De acordo com Maria Inês, a mobilidade urbana está entre os itens mais relevantes desde o início da pandemia. Ela cita exemplos já adotados em diversas cidades do mundo que passaram a valorizar o transporte individual, com a implantação de Ciclovias e Ciclorrotas, além de estudos para a avaliação do fluxo mais adequado de pedestres.
“Há muitas opções a serem consideradas. Estabelecer ciclovias temporárias é uma delas, para proteger entregadores, por exemplo”, disse ela. “A Ciclorrota é outro exemplo que valoriza o trabalhador ao oferecer uma forma segura no descolamento para o trabalho. Em Nova Iorque, já começaram os estudos para avaliar se as calçadas são adequadas para o número de usuários e à necessidade de distanciamento social ou, ainda, se as pessoas poderão trafegar livremente nos dois sentidos como acontece hoje”, argumenta.
REQUALIFICAÇÃO – A arquiteta fala sobre outras questões importantes. “Há cidades do Paraná com problemas com a largura das calçadas e que, em projetos de requalificação, deverão ser preparadas para atender aos novos conceitos de mobilidade, propiciando segurança a todos, além do atendimento às normas de acessibilidade como rampas e pisos tácteis”, enfatiza.