O professor Flávio Zanetti, pesquisador do setor de Ciências Agrárias da UFPR, disse que o projeto de lei do deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) “vai salvar as araucárias”. “O dia 11 de maio de 2020 vai entrar para a história do Paraná como o dia em que a Assembleia Legislativa libertou as araucárias das amarras burocráticas”, escreveu Zanetti nesta quarta-feira (13), em mensagem enviada aos deputados.
Na terça-feira (12), o legislativo estadual aprovou em redação final o projeto de lei do deputado que regulamenta o plantio de araucárias no Paraná. “Agora, o estado tem um instrumento eficaz para o plantio de araucária angustifolia”, disse Romanelli. O projeto que tem a co-autoria dos deputados Hussein Bakri (PSD) e Emerson Bacil (PSL).
Flávio Zanetti, doutor em Fitotecnia na França com pós-doutorado naquele mesmo país, é estudioso da Araucaria angustifolia conhecida como “Pinheiro do Paraná”. O projeto de lei aprovado, segundo o professor, “transforma a planta que era odiada em amada, que era maldita em abençoada”.
O professor argumenta “que muitos que se dizem ecologistas não se informaram sobre os conhecimentos que foram gerados nos últimos 20 anos sobre a araucária e desconhecem um comportamento atual que, infelizmente, se tornou cultural”. “Os proprietários rurais, quando veem uma araucária ainda pequena, arrancam ou cortam para não perder pedaço de terra produtiva, uma vez que, se deixarem a araucária crescer, não poderão mais cortá-la”, lamenta.
O pesquisador ainda questiona: “será que os bem-intencionados defensores da nossa araucária sabem que ela não regenera dentro da floresta? Será que sabem que o trabalho dentro da mata realizado pelas cotias e gralhas, na distribuição dos pinhões, é inútil para regeneração das araucárias? Que a araucária precisa de luz para crescer?”
“Os indivíduos remanescentes de Araucaria angustifolia estão envelhecendo e um dia irão morrer! Será que é isso que queremos?”, indaga.
Com o projeto, o professor Flavio Zanetti diz que a araucária não será peça de museu. “Ela precisa de uma política pública de renovação para sua perpetuação e essa lei, agora, existe. Pelo menos no Paraná”, conclui.
Leia a seguir a íntegra da mensagem
Lei para salvar as araucárias
Dia 13 de maio o Brasil libertou os escravos e dia 11 a Assembleia Legislativa libertou a araucária das amarras burocráticas.
Com isso tornou a planta que era odiada em amada, que era maldita em abençoada.
Infelizmente muitos, que se dizem, ecologistas não se informaram sobre os conhecimentos que foram gerados nos últimos 20 anos sobre a nossa araucária.
Por outro lado, desconhecem o comportamento atual, que infelizmente se tornou cultural, dos proprietários rurais que: quando vêm uma araucária, ainda pequena, a arrancam ou a cortam para não perder um pedaço de sua terra produtiva, uma vez que se deixarem a araucária crescer não poderão mais corta-la.
Será que os bem intencionados defensores da nossa araucária sabem que ela não regenera dentro da floresta?
Será que sabem que o trabalho dentro da mata realizado pelas cotias e gralhas, na distribuição dos pinhões, é inútil para regeneração das araucárias? Que a araucária precisa de luz para crescer?
Qual o destino de uma espécie que não se renova?
Os indivíduos remanescentes de Araucaria angustifolia estão envelhecendo e um dia irão morrer e com isso “ciao” pinheiro! Será que é isso que queremos?
A araucária não é peça de museu, ela precisa de uma política pública de renovação para sua perpetuação.
Professor Doutor Flávio Zanetti – UFPR