A UEM (Universidade Estadual de Maringá) comemorou, sem uma solenidade física em função da pandemia, seus 50 anos de fundação. A “solenidade” foi na segunda-feira (11), uma data emblemática. Neste dia, em 1976, a Universidade recebia o reconhecimento pelo Ministério da Educação e Cultura. “Em si mesmo, trata-se de um fato decisivo para a vida da UEM, pois atesta que a instituição satisfazia as exigências dos órgãos federais para existir e funcionar”, diz o professor Reginaldo Benedito Dias, do Departamento de História.
Segundo ele, o reconhecimento traçaria uma linha divisória no aspecto organizacional. “É que até então sobreviviam as três faculdades que existiam antes da fundação da UEM – Faculdade de Economia, Faculdade de Direito e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – e que serviram de suporte aos seus primeiros anos, às quais se somou o ICET (Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas), previsto no ato inaugural, mas criado já durante a existência da UEM”, diz o historiador, destacando que com o reconhecimento, imediatamente abria-se um processo de transformação organizacional adaptado aos preceitos da reforma universitária de 1968.
Na prática foram extintas as antigas unidades e criados os primeiros centros de ensino e departamentos, modelando a estrutura administrativa que conhecemos hoje. Naquele ano de 1976, foram criados o Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH), Centro de Tecnologia (CTC), o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CBS), o Centro de Ciências Exatas (CCE) e o Centro de Estudos Socioeconômicos (CESE). Atualmente são sete centros, sendo que o CBS deu lugar aos Centros de Ciências da Saúde (CCS), de Ciências Biológicas (CCB) e de Ciências Agrárias (CCA). O CESE teve a nomenclatura e a sigla alteradas, passando a ser denominado de Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CSA).
O professor aposentado Argemiro Aluísio Karling, que coordenou o Grupo de Trabalho para o Reconhecimento da Universidade, disse em entrevista ao informativo NossaUEM que o processo de reconhecimento foi a base para a expansão da Universidade. Uma espécie de passaporte que abriu as portas para a formação de convênios, financiamentos e criação de cursos independente de autorização do MEC e validação dos diplomas da UEM.
O reitor da UEM, Julio César Damasceno, acrescenta que o reconhecimento da Universidade concretizou a vontade da população paranaense, que à época sonhava com a consolidação de uma universidade pública no interior do Estado como mola propulsora para o desenvolvimento regional.
RECREDENCIAMENTO – Até 1996 o processo de reconhecimento da Universidade não precisava ser renovado. Com as mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabeleceu-se que as instituições de ensino superior teriam de passar por um recredenciamento a cada dez anos, requerido pelo Conselho Estadual de Educação e coordenado pela Seti.
Neste processo as universidades passam por uma avaliação que envolve organização institucional; políticas, normativas e práticas institucionais para o ensino (graduação e pós-graduação), pesquisa e a extensão; corpo social; e infraestrutura.
Em março deste ano, o governador Carlos Massa Ratinho Júnior anunciou o recredenciamento institucional da UEM, UEL, UEPG, Unicentro e Unioeste. A nota atribuída à Universidade de Maringá foi a maior: 4,91.
ORDEM DE GRANDEZA – A vocação regional da UEM é reforçada por uma trajetória de sucesso ao longo dos seus cinquenta anos de história e uma atuação de destaque nas áreas do ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica, firmando-se entre as principais instituições de ensino superior brasileiro, o que é facilmente comprovado nos diversos rankings, nacionais e internacionais.
Por isso mesmo, embora entenda e apoie a necessidade do isolamento social, Ricardo Dias Silva, vice-reitor e presidente da Comissão Especial de Comemoração dos 50 Anos da UEM, lamenta o fato de não poder realizar uma cerimônia pública para festejar o reconhecimento e o cinquentenário da Universidade. Mas para ele isso não quer dizer que não se deva comemorar.
“O cinquentenário é uma oportunidade para dar destaque ao papel da UEM que cada vez mais consegue reforçar sua a identidade regional e aprofundar o diálogo com a comunidade externa, ampliando sua participação nas demandas locais”, afirma o vice-reitor.
Dias Silva destaca ainda o processo de aprimoramento do projeto de internacionalização da UEM e a atuação protagonista da Universidade frente à pandemia pela covid-19, tornando-se importante aliada do governo e da sociedade no enfrentamento da pandemia, inclusive com a recente abertura de 108 novos leitos hospitalares, só para citar alguns exemplos entre tantos que demonstram a ordem de grandeza da Instituição.
SALVE A UEM – Em comemoração à data Damasceno e Dias Silva participaram de uma Live, com a presença remota de vários ex-reitores. O “encontro” foi na segunda-feira e a conversa versou sobre a trajetória da UEM. Foi transmitida pela página do Facebook oficial da Universidade.
Outra comemoração simbólica é o lançamento do novo arranjo do Hino Salve a UEM, disponível em vídeo no Youtube. O trabalho de edição foi do professor do Departamento de Música e atual diretor de Cultura da Universidade, Rael Bertarelli Gimenes Toffolo, que também é responsável pelo arranjo. O trabalho ainda contou com a participação de músicos da Orquestra de Câmera, que executaram o hino, cada qual da sua casa. Composto no final da década de 1970 pelo professor Ary Pereira Braga, o Hino também conta parceria de Aniceto Matti e Wilson Bressan.
Dias Silva reforça que, embora o lançamento seja meramente simbólico, ele contribui para reforçar o sentimento de pertencimento entre os membros da comunidade universitária, fortalecendo nossos elos nesse momento de exceção. “Marcar essa data nos ajuda a vislumbrar um futuro esperançoso sobre o papel protagonista da UEM para o avanço socioeconômico e cultural do Paraná”, diz o presidente da Comissão Especial de Comemoração dos 50 Anos da UEM.