A intolerância com a arte de artistas de rua provocou mobilização nas redes sociais contra a política de intolerância do prefeito Rafael Greca, com fiscais do Urbanismo multando, confiscando equipamentos e chamando a Guarda Municipal para prender os músicos que ousarem desobedecer as ordens do chefe do Executivo.
A revolta é tanta que ontem o grupo divulgou um manifesto intitulado “Carta Coletivo Arte de Rua – Curitiba, Paraná (Nota de repúdio as autoridades por multas, prisões e confisco de equipamentos)” e vai entregar hoje, às 9h, aos vereadores que idolatram o democrata que não merece a alcunha.
Leia a nota
É um direito de expressão de crenças, de classes, de origens, de pensamento, de fé ou da falta dela, é um direito de voz e um direito de ouvir, de saber, de participar e ter este contato e experiência e com a troca dela.
É digno dos seus direitos? Do seu trabalho, da sua casa, da sua subsistência?
É dignificante você se levantar da sua cama, da sua casa alugada, tomar seu café da manhã, escolher a roupa do dia, arrumar suas coisas e ir para o trabalho. É dignificante ver que o seu trabalho tem resultados positivos e que estes resultados é que fazem você ter um trabalho ainda melhor. É dignificante você poder ir ao trabalho sem medo de que seja agredido, preso ou que seus materiais, que você lutou tanto para conquistar, seja apreendido e tratado como lixo. É dignificante você andar pelas ruas da cidade e ter contato com as diversas expressões artísticas e culturais e se identificar nelas ou conhecê-las. É dignificante ver sua contribuição no meio social-econômico e ser reconhecido.
São coisas não mais garantidas à quem ocupa espaços urbanos a fim de expressar sua arte, seu ofício. Sobreviver ao cotidiano virou uma missão, sem saber se volta para casa ou se terá casa para voltar.
Todos os seres humanos têm o direito de seguir seu ofício e exercer ele. Todos têm o direito de se expressar e mais, todos tem o direito ao acesso a estas expressões. Todos têm direito de ocupar estas manifestações de forma ativa ou passiva, de conhecer, de ter contato e experiência no meio artístico como cidadão que compõe a história cultural do lugar.
É um direito de expressão de crenças, de classes, de origens, de pensamento, de fé ou da falta dela, é um direito de voz e um direito de ouvir, de saber, de participar e ter este contato e experiencia e com a troca dela.
Acreditamos, dentro da arte, aquilo que é mútuo. Se fazemos da nossa expressão artística um ofício, é porque existe esta troca. É porque existe este anseio da população, é porque gostam e estão dispostos a incentivar que isto continue, e que tenham cada vez mais arte acessível e diversificada.
A arte é expressada desde a comunicação entre um povo e outro; uma tribo e outra. Suas tinturas, seus cantos, seus ritos, sua identificação. Arte é história, não é de hoje que existem os artistas em espaços públicos, na Grécia já os encontravam em ruas, praças. Nos anos 70 foi uma forma de expressão histórica muito grande. No Brasil, marcou-se com seus blocos que festejam o folclore. Arte de rua não é uma novidade, arte de rua é e está, e ela acontece conforme todo o resto acontece. A arte caminha com a história.
Qual a identificação de um povo se ele não pode se expressar? Qual o interesse de conhecer outros povos se eles não se expressam? Quem conhece um povo sem identidade?
Um turista norte americano não vem ao Brasil para comer no Mcdonalds, nem um nordestino vem a Curitiba para visitar lojas com moda de inverno. Mas não tão longe, o que levaria moradores dos bairros a ocuparem o espaço central e turístico se não o há entretenimento, lazer e representatividade?
Economicamente falando, a arte de rua movimenta o comércio local. Atrai público de diversos lugares, costumes. Sensibiliza as pessoas e consequentemente elas consomem as vendas no
espaço. Desde hotéis à restaurantes, promoções de lojas e comércio ambulante. Isto não é uma competitividade do lugar, é um complemento.
Mas infelizmente, apesar de toda esta contribuição cultural-histórica-social-econômica, não somos ouvidos e pior, somos agredidos, jogados fora da visão estrutural da cidade.
E então, acordamos certo dia e descobrimos que simplesmente não podemos mais trabalhar, não podemos mais se expressar e que se quisermos, teremos que se enquadrar dentro de uma regulamentação injusta e que não atende aos que ela regulamenta. E dentro desta falta de diálogo temos materiais apreendidos de forma brutal, somos agredidos com bombas dos prédios, com socos na rua e com repressão amparada de autoridades.
Mas que não bastava, este tipo de pronunciamento deu abertura e voz cada vez maior para que a violência alcançasse diretamente a população. No caso das bombas, transeuntes foram acertados. Tomou uma proporção que não esperávamos em que as pessoas seriam agredidas a assistir uma apresentação, ou a apreciar artes vendáveis, como a prisão do casal artesão ou a apreensão dos materiais de artistas plásticos. Ainda pior, destruíram um direito não só humano, mas social.
E quais foram as providências tomadas para este tipo de situação violenta? Nada, nem ao menos um amparo ou um pronunciamento.
Porém, não estamos sós em meio legal. Temos alguns artigos da Constituição que tratam destes assuntos: ao trabalho, a expressão artística, ao turismo, ao direito de arte e cultura, ao direito humano e patrimônio histórico cultural imaterial. E são eles: Artigo 5º inciso IX, XIII, XLI. Artigo 6º. Artigo 23 IV, V. Artigo 30 IX. Artigo 170 parágrafo único. Artigo 180. Artigo 193. Artigo 215 § 1º, § 3, I, II, III, IV, V. Artigo 216 I, II, III, IV, V. Artigo 220.
Não é uma guerra de direitos, mas à quem cabe estes direitos? O que faz o direito de uns silenciar o de outros? Arte de rua é para quem cultiva ou descultiva, para quem está feliz ou triste, para reflexão e entretenimento, representatividade e curiosidade. A arte é construída por todos.
Silenciar ou matar a arte de rua é desestruturar, quebrar um alicerce importante no mundo.
Arte de rua é democrática e está aqui para dialogar de forma justa e humanizada.
Carta Coletivo Arte de Rua – Curitiba, Paraná.
2019
#Arteproibida
#Curitiba
#CuritibaCool
#artenãoécrime
#liberaGreca
#uuhiiiiiiii…
Essa matéria mostra o quanto Greca é demagogo. A cidade precisa de um gestor que pense Curitiba como um todo. Não um fazedor de asfalto.
Libera Greca enquanto é tempo.
Vou assistir pela web a sessão da Câmara, mas acredito que nada vai acontecer, todos precisam do prefeito para a reeleição.
Ano que vem tem eleição e os artistas não estarão com o Greca, inimigo da cultura.
Cai fora Greca. Você odeia Curitiba. Só quer festa particular.
A música é tudo Greca, não importa aonde.
Greca está sendo atraso para a cultura paranaense, assim como foi o Fruet.
A cultura nunca foi uma opção para o Greca. Só asfalto. Asfalto não reelegeu o Luciano Ducci