Edson Lau Filho
A frase alarmista é sobre a Amazônia, contudo não foi emitida por alguma autoridade brasileira, quem disse foi o Presidente da França Emmanuel Macron e, que causou um rebuliço na comunidade internacional, colocando o tema como pauta da reunião do G7, que acontecerá no final de semana.
A Amazônia está queimando, assim como todos os demais biomas que temos no Brasil (Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Pampas e Caatinga). Isso é muito triste.
Mas é triste também, perceber que a comunidade internacional e militantes tupiniquins só foram dar bola às queimadas que acontecem na Amazônia, apenas agora, ainda mais se considerarmos que em 2006, 2010 e 2016 os níveis de queimadas registradas no mesmo período, foram quase que o dobro.
Não quero aqui dizer que não há tragédia, que podemos seguir nossas vidas normalmente e nos calarmos, enquanto nosso patrimônio vira cinzas. O que quero dizer é que tudo tem contextos que envolvem cada ação dos líderes mundiais e da militância, e que devem ser ressaltados: econômicos e políticos, principalmente.
Macron tem seus motivos para causar a histeria: joga uma cortina de fumaça em seus problemas políticos caseiros e afaga a agricultura local ao insinuar que não apoiará o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
A militância tupiniquim pode e vai usar essa tragédia, para tentar barrar a nova lei de licenciamento ambiental, que tem relatoria do deputado Kim Kataguiri (DEM). O projeto de lei apesar de alguns problemas, perfeitamente resolvíveis ainda no âmbito do parlamento, é boa proposta para o Brasil.
Também é muito triste ver que o Presidente Jair Bolsonaro (PSL), acha que a guerra verborrágica pode resolver a situação, como geralmente o faz. Suas palavras têm consequências brutais, internamente e no exterior. O Brasil antes simpático ao mundo, torna-se um país dirigido por um falastrão de direita.
A falta de ação do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (NOVO), também é assustadora, há de se apresentar um plano de recuperação das áreas afetadas, tudo isso pode trazer sérias consequências, ambientais e econômicas para o Brasil, não é simplesmente apagar o fogo.
Confesso que ouvir o Presidente da França chamar a Amazônia de “nossa”, chega a dar um arrepio ao pensar o que isso pode significar para nossa soberania, espero que não passe de uma paranoia sem sentido…
Mas em suma, o que precisamos agora é de atitudes rápidas para diminuir a histeria internacional, planejar os próximos passos para recompor o que foi perdido no fogo, impedir um novo avanço do desmatamento e dar o exemplo, falar menos besteiras e trabalhar mais.
A Amazônia é dos brasileiros, não dos estrangeiros. A Guiana Francesa faz parte da Amazônia e o Macron não cuida.