José Eugenio Gizzi
As eleições da Fiep para a gestão 2019-2023 já começaram com uma aberração no processo eleitoral. O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, estabeleceu um regulamento que prevê que a Comissão Eleitoral deve ser composta e presidida pelo próprio presidente da entidade. E que o secretário da Comissão também deve ser o secretário da entidade.
Ocorre que tanto o presidente como o secretário resolveram se candidatar no processo eleitoral, colocando em xeque a independência e comprometendo a imparcialidade da Comissão Eleitoral.
Tanto é verdade, que um dia antes de encerrar o prazo para o registro das candidaturas, a Comissão Eleitoral decidiu mudar uma das regras importantes do processo: a exigência de apresentação de documentos originais de todos os integrantes das chapas. Na véspera, esta regra foi alterada, permitindo a apresentação apenas de cópias dos documentos.
A chapa Sindicato Forte, Fiep Maior, liderada pelo empresário José Eugenio Gizzi, não fez esta solicitação. Então por que houve esta mudança no regulamento nas últimas horas?
Tão somente após a apresentação de impugnação pela chapa liderada por Gizzi, o presidente e o secretário da Fiep decidiram retirar-se da Comissão. Ao assumir a condição de árbitro da eleição – ainda que depois, denunciado, tenha deixado a função –, estava impedido de seguir candidato. Edson Campagnolo havia se tornado inequivocamente inelegível.
Diante do absurdo, foi protocolada impugnação do registro de Campagnolo, também com o objetivo de mostrar ao candidato Carlos Walter, que concorre à presidência pela chapa da ‘situação’, que o limite ético e legal deveria ser respeitado. Não foi o suficiente: Carlos Walter e Campagnolo não viram problema na atuação híbrida do atual Presidente da federação.
Não bastasse toda essa situação surreal, ainda enquanto presidente da Comissão Eleitoral, o presidente da Fiep enviou no dia 28 de maio uma mensagem de áudio para os diretores e presidentes de sindicatos orientando que não fosse utilizada a estrutura da entidade para fins eleitorais, o que é vedado pelo Código de Ética da Federação.
Porém, dez dias após esta mensagem, no dia 8 de junho, Campagnolo gravou a si próprio em vídeo, no ambiente do Sesi e Senai-PR, que passou a circular em redes sociais e grupos de WhatsApp ligados ao eleitorado da FIEP. O conteúdo do vídeo é inequivocadamente eleitoral, em favor de uma chapa: a que ele faz parte.
O vídeo foi gravado quando Campagnolo já era presidente da Comissão Eleitoral, momento em que deixou claro que apoiava e integrava a chapa Foco na Indústria, Fiep para Sindicatos, encabeçada por Carlos Walter.
Diante da gravidade da situação, a chapa Sindicato Forte, Fiep Maior apresentou uma representação por conduta vedada perante a Comissão Eleitoral. Reconhecendo o absurdo, no dia 1 de julho, a Comissão Eleitoral publicou uma Resolução vedando a utilização do patrimônio do Sistema da Fiep, do Sesi/PR, do Senai/PR e do IEL/PR para fins eleitorais.
Entendemos que a Fiep é uma entidade privada, mas não é por isso que está livre para conduzir o processo eleitoral sem respeito a direitos e garantias fundamentais. Os princípios que asseguram uma eleição limpa e justa também devem ser aplicados à Federação, e é o que os industriais de todos os setores e regiões do Estado irão exigir de sua diretoria.
Nas eleições do ano passado, a população demonstrou nas urnas estar cansada da velha política, sinalizando que vai cobrar cada vez mais de seus governantes uma postura séria, regida pela moral e ética. Esta cobrança certamente será feita pelos industriais também em relação a seus representantes nas instituições empresariais.
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(*) José Eugenio Souza de Bueno Gizzi, engenheiro, é um dos vice-presidentes da Fiep, representando o Sindicato da Construção Civil do Paraná
Renovar é preciso. O mesmo grupo comanda a Fiep há anos.
O poder público precisa parar de financiar entidades como a Fiep. Quem precisa investir são os empresários.