Durante o evento Paraná Sustentável realizado no Campus da Indústria da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o governo do Estado apresentou o progresso do Plano de Hidrogênio Renovável, que analisa as potencialidades e as demandas necessárias para impulsionar essa cadeia de produção.
Com base nos estudos conduzidos pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em 2023, o Paraná está munido de informações essenciais para impulsionar a adoção e o desenvolvimento das tecnologias de produção e consumo desta nova matriz energética.
O secretário do Planejamento, Guto Silva, destacou que os estudos realizados até o momento apontam duas conclusões fundamentais: a adoção da rota de eletrólise baseada em biogás/biomassa para o Paraná, e a relevância do mercado interno na absorção da futura produção.
Ele ressaltou que o Plano do Hidrogênio do Paraná está em fase final e indica que o Estado está entrando em uma nova era. “Esta transição energética, que denomino de 2.0, envolve a capacidade de produzir hidrogênio renovável e energia a partir de biomassa e biogás. Este é o plano estratégico do Paraná, sempre com foco na geração de empregos, oportunidades e no domínio da tecnologia para manter a riqueza no Estado. Estamos discutindo hoje com grandes empresas como Petrobras, Copel e Engie, buscando conectá-las a outros fornecedores e membros desta cadeia em busca de oportunidades de negócios”, afirmou.
Guto Silva explicou que o papel do Estado é reunir todos os interessados em uma mesma mesa para viabilizar boas oportunidades, da mesma forma que ocorreu na área do biogás, onde já existem 200 plantas de geração no Paraná, utilizando resíduos de frango, suínos e cana-de-açúcar. “O Paraná possui todas as condições para liderar este processo, não apenas no Brasil, mas no mundo, e estamos aqui conectando os principais atores do setor elétrico e de energia do Brasil para canalizarem seus investimentos para o nosso estado”, complementou Guto Silva.
O evento incluiu sessões de conexão entre os principais parceiros, através de discussões em grupo, abrindo caminho para a criação de novas oportunidades de negócios sustentáveis.
A Chamada Estratégica da Aneel está alinhada com o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), buscando ampliar significativamente os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI) nesta área até 2025.
Esta chamada enfoca o desenvolvimento sustentável de sistemas de produção de hidrogênio renovável, abrangendo temas como logística, armazenamento, infraestrutura, usos finais e células a combustível, ressaltando o papel crucial do hidrogênio de baixa emissão como alternativa aos combustíveis fósseis na matriz energética brasileira. A chamada já recebeu 95 manifestações de interesse.
Durante o evento, foram detalhados os procedimentos para as indústrias interessadas em aderir ao projeto, destacando os ganhos e vantagens dessa energia para os diversos segmentos industriais envolvidos. Os projetos devem ser submetidos até julho deste ano, com divulgação dos aprovados prevista para setembro. A execução desses projetos está prevista para iniciar em janeiro de 2025.
O consultor da Fipe no Paraná, Rodrigo Régis, enfatizou que o principal objetivo do evento é incentivar a inclusão de projetos na Chamada Estratégica. Ele apresentou números preliminares do Plano de Hidrogênio do Paraná, discutindo as possíveis abordagens e ações para obter retorno rápido e impulsionar a cadeia de produção de hidrogênio, amônia e metanol verdes, além de estratégias para o modelo de negócios.
“Mostramos hoje que o Paraná tem demanda por hidrogênio, identificamos as ações necessárias para alcançar o hidrogênio verde e o potencial que temos atualmente para obter resultados em um curto período de tempo, estimando mais de 200MW, sem incluir a Repar e a Ansa, e destacamos o que precisa ser feito agora para criar as condições necessárias para a implementação”, afirmou.
Recentemente, o Paraná publicou o Decreto 4.922/2024, instituindo a criação do Comitê de Governança para incentivar as cadeias de biogás e hidrogênio renovável no Paraná. O objetivo é identificar, propor e acompanhar estudos técnicos que embasem a criação de políticas públicas e planos nessas duas áreas, integrando a atuação das secretarias estaduais na matriz energética.
Essa iniciativa está inserida em um amplo contexto de investimento na área. O governo assinou este ano uma carta conjunta com diversas associações, comprometendo-se a ampliar a implantação do biogás e biometano no meio rural. Os signatários defendem a expansão dos financiamentos e subsídios para a instalação de usinas de biogás, que geram energia elétrica a partir do gás produzido pela decomposição da matéria orgânica.
O hidrogênio renovável, considerado a mais promissora matriz energética limpa em todo o planeta, tem recebido atenção especial no Paraná, com foco principal no uso de biogás derivado da biomassa residual das atividades agropecuárias.