sexta-feira, dezembro 6, 2024
spot_img
spot_img
InícioPolítica ParanáMutirão na Defensoria negocia dívidas de paranaenses sem dinheiro no bolso

Mutirão na Defensoria negocia dívidas de paranaenses sem dinheiro no bolso

spot_img

Cidadãos de diversas cidades do Paraná participaram de um mutirão de renegociação de dívidas realizado na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), em Curitiba. Promovida pela Defensoria Públicado Paraná (DPE-PR) e parceiros, a ação gratuita teve como foco auxiliar na organização financeira para 2025. Durante o evento, 158 atendimentos foram realizados, abrangendo desde a regularização de contas de água e luz até questões relacionadas a financiamentos de imóveis e cobranças indevidas.

O mutirão ocorreu no Plenarinho Deputado Luiz Gabriel Sampaio e marcou a última edição do ano no local. Entre os serviços oferecidos, destacaram-se negociações com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), Companhia de Habitação (Cohab) e Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Além disso, a Sanepar disponibilizou cadastramento para tarifa social de água, e o Procon atendeu consumidores com reclamações sobre produtos e serviços.

A Defensoria Pública mantém um posto de atendimento permanente na Assembleia Legislativa desde 2022, sendo o único no estado apto a atender demandas de cidadãos dos 399 municípios paranaenses. Para acessar o serviço, é necessário apresentar documentos de identificação, comprovantes de residência e renda, além de material referente ao caso a ser analisado.

O posto, localizado no térreo da Assembleia, na Praça Nossa Senhora da Salete, Centro Cívico, funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. A assistência jurídica é destinada a pessoas sem condições de arcar com custos advocatícios. Contatos podem ser feitos pelo telefone (41) 3350-4103 ou pelo e-mail defensorianaalep@defensoria.pr.def.br.

O sucesso do mutirão reflete o esforço conjunto das instituições em promover inclusão social e facilitar o acesso à justiça, especialmente para as populações mais vulneráveis do estado.

“Agora vou conseguir pagar”, disse a zeladora Maria Aparecida da Silva – a Cida, com uma expressão de alívio no rosto. Ela mora em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e veio até a Assembleia, estimulada pelos conselhos de uma tia. Cida está preocupada porque nos últimos anos contraiu dívidas com bancos, com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Desempregada e com problemas de saúde, teve que adiar os pagamentos e não sabia mais o que fazer. “Maravilhoso o atendimento”, afirmou, ao se referir ao acordo fechado com a Sanepar. As demais propostas de renegociação, ela decidiu analisar com calma porque não estavam dentro do seu orçamento, apertado pela situação que vive hoje.

Já a aposentada Lúcia Goch, 78 anos, moradora de Curitiba, procurou auxilio para resolver uma difícil e confusa situação que enfrenta há alguns anos com a aposentadoria, que recebe do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Todo mês acontece um desconto de R$ 600,00”, contou, demonstrando grande indignação, tristeza e preocupação. O valor, de acordo com o INSS, corresponde a empréstimos feitos em dois bancos, que ela nem sabe explicar: “Estou pagando, mas não sei o que é”. Lúcia, que faz aniversário nos próximos dias, saiu com as esperanças renovadas, torcendo para uma solução rápida, depois de elogiar a recepção, os esclarecimentos recebidos e o excelente atendimento.

“Quero negociar”, garantiu o autônomo Arnaldo Queiroz da Silva, que reside na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Ele procurou o mutirão acompanhado pela esposa porque está sendo cobrado judicialmente por uma dívida que fez em 2016. Na ocasião, adquiriu produtos em uma loja de material de construção, quando ainda vivia no interior do estado: “Porém, perdi minha renda, a dívida foi aumentando e não consegui mais pagar o valor cobrado, que vem sendo atualizado. O advogado da empresa nem dá resposta”. “Mesmo assim, tenho esperanças de resolver”, acrescentou, sem esconder estar assustado com o valor da dívida, superior a R$ 100 mil. “Não tenho como pagar um advogado. Preciso de ajuda”, complementou.

Atendimento individualizado

Segundo o defensor público-geral, Matheus Munhoz, o público atendido pela Defensoria Pública tem renda familiar de até 3 salários mínimos, e no período pós-pandemia, aumentou bastante a procura pelos serviços oferecidos pela instituição. Assim, a organização de mutirões, que abrangem diversas áreas, é uma oportunidade para facilitar e agilizar o acesso da população aos seus direitos. Até o final deste ano devem ser concluídos 60 mutirões e atendidas cerca de 5 mil pessoas. “Nosso objetivo é dar continuidade a esse trabalho em 2025, com a realização de mutirões a cada dois meses, aqui na Assembleia. Queremos também ampliar os quadros da Defensoria”, informou Munhoz. Ele reiterou ainda que essa ação facilita o acesso ao Direito, fazendo com que a população receba orientações, esclarecimentos e encaminhamentos sobre um determinado serviço ou instituição, de maneira simplificada. Hoje, a DPE-PR, criada há pouco mais de uma década, atua em 74 dos 399 municípios paranaenses.

“É a restauração da cidadania. Por isso, estamos aqui hoje, nessa parceria, para auxiliar na renegociação das dívidas”, declarou o defensor Bruno Passadore, coordenador-auxiliar do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da DPE-PR. Ele defendeu a importância das análises individualizadas, de cada um dos casos apresentados pelos assistidos, o que acontece durante os mutirões. “Isto permite estabelecer o melhor acordo possível para cada situação”, complementou. O Núcleo de Defesa do Consumidor tem como objetivo atuar na promoção e defesa dos direitos coletivos de consumidores e consumidoras, seja por meio do ajuizamento de ações coletivas contra empresas e fornecedores de serviços que ajam em desacordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC); seja por meio de ações de educação sobre Direito; ou através de parcerias com outros órgãos, como, por exemplo, o Procon.

O coordenador do Posto da Defensoria da Assembleia, defensor público Rafael de Matos Souto, igualmente, destacou a importância dos mutirões, o que permite um diálogo mais próximo dos cidadãos com os serviços envolvidos nas demandas. Ele frisou que nessas ações o objetivo é a renegociação imediata de dívidas, bem como, o esclarecimento de inúmeras situações, buscando solução para cobranças indevidas, entre outras questões. Além dos mutirões, no Posto da Assembleia é oferecida assessoria especializada para a resolução extrajudicial de todas as questões atendidas pela Defensoria (Família e Sucessões, Cível e Fazenda Pública, Execução Penal, Registros Públicos, Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Infância e Juventude Infracional, Infância e Juventude Cível).

Notícias Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

spot_img
spot_img
spot_img

Notícias Recentes

- Advertisment -